segunda-feira, março 20, 2006
Evento Desktop Livre
Nos dias 16, 17 e 18 de Março ocorreu em Lorena/SP o evento Desktop Livre, com o objetivo de mostrar à comunidade de usuários de informática o potencial de uso de software livre em desktops. Fui convidado para dar uma palestra sobre algum assunto à minha escolha. Decidi que há muito a ser feito no tocante à migração de usuários para softwares livres e por isso tornei esse o assunto da minha palestra.
Já que falei da minha palestra, ela pode ser baixada aqui:
Arquivo .zip com palestra em formato ODP
Arquivo .zip com palestra em formato PPT (já que o MS Office não abre ODP, e o objetivo é atingir o usuário que ainda não usa Software Livre).
O evento foi organizado na UNISAL (Universidade Salesiana de São Paulo) e teve uma participação modesta do público, talvez pela distância da cidade de Lorena à capital do estado e pelo fato do evento ser realizado em dias de semana quando as pessoas estão envolvidas com suas atividades profissionais. Ainda assim podemos dizer que o público que participou do evento esteve bastante interessado nas coisas que os membros da comunidade tinham a dizer. O público do evento foi composto principalmente por estudantes de áreas relativas à TI e que tinham pouco ou nenhum contato com Software Livre, seus conceitos básicos e sua aplicabilidade prática. Dito isto acredito que o perfil do público estava adequado à proposta do evento.
Muitas palestras focaram-se em aspectos técnicos e filosóficos do software livre e seu mais notável representante, o sistema operacional GNU/Linux. Foi possível passar aos espectadores, com este evento, um panorama de como o software livre pode adequar-se ao uso em desktops, tanto empresarial como doméstico. É sempre bom ter esse tipo de informação chegando ao público em geral, principalmente aquele que nunca usou software livre antes. E bons aspectos tocados no evento merecem destaque.
O primeiro deles é que software livre pode ser usando em conjunto com o software proprietário. Mesmo que o usuário ainda permaneça em uma plataforma não livre, como o MS Windows, por exemplo, ele ainda pode usar e contribuir com o software livre com programas como o Firefox, o OpenOffice, o GIMP, e muitos outros que estão disponíveis para várias plataformas.
O segundo tem relação com a legalidade do software livre. A pouca preocupação das empresas de software com a pirataria (uso ilegal) de seus produtos é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que uma cópia pirata não rende benefícios monetários para a empresa que faz software esta cópia é contabilizada nos estudos e pesquisas que medem o tamanho da base instalada de cada software. No mundo da insdústria de informática o tamanho da base instalada é algo muito importante. Como exemplo claro disso podemos pensar sobre o Windows. Estudos apontam que 80% das cópias de Windows que rodam no mercado doméstico brasileiro são ilegais. A Microsoft do Brasil não recebeu por elas o lucro da venda da licença, o que é um prejuízo. Mas o fato de muitos usuários conseguirem cópias piratas do Windows é o grande fator pelo qual eles usam esse sistema e não importam-se em buscar alternativas. Se a Microsoft do Brasil (ou sua matriz) implementassem um forte recurso para impedir a execução de cópias pirata (como a desativação da cópia pela verificação do serial pelo Windows Update ou a implementação de uma hard-lock para uso do sistema) ela não venderia muito mais cópias do que já vende hoje. Em contrário ela forçaria os usuários impossibilitados ou que não queiram pagar R$ 500,00 por uma cópia a buscarem alternativas menos onerosas para seu uso. Isso permitiria que o GNU/Linux que pode ser conseguido por preços muito baixos (ou até de graça) ganhasse maior atenção do mercado doméstico. A rigor a manutenção de possibilidade de pirataria do Windows pela Microsoft tornou-se fundamental para que ela possa manter sua dominação do mercado doméstico. Devemos ressaltar entretanto que, independente da vista grossa feita pela Microsoft, pirataria é crime segundo a legislação brasileira, sendo seu autor um criminoso. Essa nuance foi sempre constante nas palestras do Desktop Livre, bem como a legalidade onipresente no uso do software livre.
Além disso merecem destaque algumas palestras que foram dadas no evento:
Maurício Toito - Alternativa Linux: que discutiu sobre como o software livre pode trazer benefícios a toda a comunidade e permitir o desenvolvimento de tecnologia local.
Helio Castro - Mandriva Conectiva: que apresentou as qualidades do KDE 3.x e de seus programas e a integração existente entre seus componentes e mostrou os conceitos que estão por trás do desenvolvimento do KDE 4. Ressalto aqui a informação que o objetivo do KDE 4 é ser uma interface totalmente multi-plataforma para Linux, Windows, Mac e UNIX. Isso permitiria que programas desenhados para a Qt4 + KDE 4 rodassem sem muitas alterações em diversos tipos de plataformas e ambientes, reduzindo o custo de manutenção, criação e implementação de software; além de ser um grande convite para que softwares de outras plataformas rodem no GNU/Linux;
Rodrigo Branco - Md Systems Networking: que discutiu sobre a segurança da plataforma GNU/Linux e mostrou várias técnicas de invasão e cracking ao vivo, com o objetivo de concientizar o novo usuário de que o GNU/Linux é mais seguro que o Windows, porém demanda do usuário atenção com sua configuração para que o sistema não seja alvo-fácil para invasões e software malicioso (malware).
Além dessas excelentes palestras o evento contou com apresentações oficiais do Ubuntu e do Debian BR-CDD que apresentaram seus sistemas para o público. Além disso um workshop sobre LTSP foi efetuado nos laboratórios da UNISAL, onde o BR-CDD foi configurado para trabalhar com terminais em 22 máquinas a partir do zero, mostrando para os espectadores a facilidade e praticidade de implantar esse tipo de solução com software livre.
Diversas mesas de debates foram incluídas na programação, em uma até tive a honra de participar. As mesas discutiram com a platéia aspectos como o futuro do software livre, a inclusão digital, e tiraram diversas dúvidas dos participantes.
O balanço final do evento foi bom. Muito material de qualidade foi apresentado e os usuários tiveram a chance de conhecer (melhor) o software livre e ter contato com grandes figuras da comunidade brasileira de usuários. Espero que os organizadores do evento possam torná-lo freqüente no circuíto brasileiro de eventos de software livre e que, na próxima edição, possam trazer mais público para acompanhar as palestras e assim ajudar ainda mais a disseminar o software livre e suas qualidades.
Já que falei da minha palestra, ela pode ser baixada aqui:
Arquivo .zip com palestra em formato ODP
Arquivo .zip com palestra em formato PPT (já que o MS Office não abre ODP, e o objetivo é atingir o usuário que ainda não usa Software Livre).
O evento foi organizado na UNISAL (Universidade Salesiana de São Paulo) e teve uma participação modesta do público, talvez pela distância da cidade de Lorena à capital do estado e pelo fato do evento ser realizado em dias de semana quando as pessoas estão envolvidas com suas atividades profissionais. Ainda assim podemos dizer que o público que participou do evento esteve bastante interessado nas coisas que os membros da comunidade tinham a dizer. O público do evento foi composto principalmente por estudantes de áreas relativas à TI e que tinham pouco ou nenhum contato com Software Livre, seus conceitos básicos e sua aplicabilidade prática. Dito isto acredito que o perfil do público estava adequado à proposta do evento.
Muitas palestras focaram-se em aspectos técnicos e filosóficos do software livre e seu mais notável representante, o sistema operacional GNU/Linux. Foi possível passar aos espectadores, com este evento, um panorama de como o software livre pode adequar-se ao uso em desktops, tanto empresarial como doméstico. É sempre bom ter esse tipo de informação chegando ao público em geral, principalmente aquele que nunca usou software livre antes. E bons aspectos tocados no evento merecem destaque.
O primeiro deles é que software livre pode ser usando em conjunto com o software proprietário. Mesmo que o usuário ainda permaneça em uma plataforma não livre, como o MS Windows, por exemplo, ele ainda pode usar e contribuir com o software livre com programas como o Firefox, o OpenOffice, o GIMP, e muitos outros que estão disponíveis para várias plataformas.
O segundo tem relação com a legalidade do software livre. A pouca preocupação das empresas de software com a pirataria (uso ilegal) de seus produtos é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que uma cópia pirata não rende benefícios monetários para a empresa que faz software esta cópia é contabilizada nos estudos e pesquisas que medem o tamanho da base instalada de cada software. No mundo da insdústria de informática o tamanho da base instalada é algo muito importante. Como exemplo claro disso podemos pensar sobre o Windows. Estudos apontam que 80% das cópias de Windows que rodam no mercado doméstico brasileiro são ilegais. A Microsoft do Brasil não recebeu por elas o lucro da venda da licença, o que é um prejuízo. Mas o fato de muitos usuários conseguirem cópias piratas do Windows é o grande fator pelo qual eles usam esse sistema e não importam-se em buscar alternativas. Se a Microsoft do Brasil (ou sua matriz) implementassem um forte recurso para impedir a execução de cópias pirata (como a desativação da cópia pela verificação do serial pelo Windows Update ou a implementação de uma hard-lock para uso do sistema) ela não venderia muito mais cópias do que já vende hoje. Em contrário ela forçaria os usuários impossibilitados ou que não queiram pagar R$ 500,00 por uma cópia a buscarem alternativas menos onerosas para seu uso. Isso permitiria que o GNU/Linux que pode ser conseguido por preços muito baixos (ou até de graça) ganhasse maior atenção do mercado doméstico. A rigor a manutenção de possibilidade de pirataria do Windows pela Microsoft tornou-se fundamental para que ela possa manter sua dominação do mercado doméstico. Devemos ressaltar entretanto que, independente da vista grossa feita pela Microsoft, pirataria é crime segundo a legislação brasileira, sendo seu autor um criminoso. Essa nuance foi sempre constante nas palestras do Desktop Livre, bem como a legalidade onipresente no uso do software livre.
Além disso merecem destaque algumas palestras que foram dadas no evento:
Maurício Toito - Alternativa Linux: que discutiu sobre como o software livre pode trazer benefícios a toda a comunidade e permitir o desenvolvimento de tecnologia local.
Helio Castro - Mandriva Conectiva: que apresentou as qualidades do KDE 3.x e de seus programas e a integração existente entre seus componentes e mostrou os conceitos que estão por trás do desenvolvimento do KDE 4. Ressalto aqui a informação que o objetivo do KDE 4 é ser uma interface totalmente multi-plataforma para Linux, Windows, Mac e UNIX. Isso permitiria que programas desenhados para a Qt4 + KDE 4 rodassem sem muitas alterações em diversos tipos de plataformas e ambientes, reduzindo o custo de manutenção, criação e implementação de software; além de ser um grande convite para que softwares de outras plataformas rodem no GNU/Linux;
Rodrigo Branco - Md Systems Networking: que discutiu sobre a segurança da plataforma GNU/Linux e mostrou várias técnicas de invasão e cracking ao vivo, com o objetivo de concientizar o novo usuário de que o GNU/Linux é mais seguro que o Windows, porém demanda do usuário atenção com sua configuração para que o sistema não seja alvo-fácil para invasões e software malicioso (malware).
Além dessas excelentes palestras o evento contou com apresentações oficiais do Ubuntu e do Debian BR-CDD que apresentaram seus sistemas para o público. Além disso um workshop sobre LTSP foi efetuado nos laboratórios da UNISAL, onde o BR-CDD foi configurado para trabalhar com terminais em 22 máquinas a partir do zero, mostrando para os espectadores a facilidade e praticidade de implantar esse tipo de solução com software livre.
Diversas mesas de debates foram incluídas na programação, em uma até tive a honra de participar. As mesas discutiram com a platéia aspectos como o futuro do software livre, a inclusão digital, e tiraram diversas dúvidas dos participantes.
O balanço final do evento foi bom. Muito material de qualidade foi apresentado e os usuários tiveram a chance de conhecer (melhor) o software livre e ter contato com grandes figuras da comunidade brasileira de usuários. Espero que os organizadores do evento possam torná-lo freqüente no circuíto brasileiro de eventos de software livre e que, na próxima edição, possam trazer mais público para acompanhar as palestras e assim ajudar ainda mais a disseminar o software livre e suas qualidades.
Comments:
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Tranqilo Fábio ?
Cara , você se esqueçeu de escrever sobre o show do O Rappa que teve em Lorena e tu e o Helio não puderam ir por minha causa :P
Outra coisa , muito obrigado mesmo por tudo oque você fez no Evento , pela palestra , a mesa e todo o resto.
O pessoal gostou tanto de ouvir você falando que tu ficou falando por quase 2 horas ! ehehehehehehe
Mas valeu mesmo !!
Fábio ! Abração !!!
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Cara , você se esqueçeu de escrever sobre o show do O Rappa que teve em Lorena e tu e o Helio não puderam ir por minha causa :P
Outra coisa , muito obrigado mesmo por tudo oque você fez no Evento , pela palestra , a mesa e todo o resto.
O pessoal gostou tanto de ouvir você falando que tu ficou falando por quase 2 horas ! ehehehehehehe
Mas valeu mesmo !!
Fábio ! Abração !!!
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