quinta-feira, julho 07, 2005
Novas Coisas
Há alguns anos atrás, quando eu usava como sistema operacional principal em minha máquina doméstica um OS/2 Warp 4, em dual boot com o Windows 98, uma empresa estadounidense chamada Be Inc. desenvolvia em carater comercial um sistema operacional chamado BeOS.
Estávamos em 1999 e o desenvolvimento do GNU/Linux encontrava-se em fanca expansão e eu decidi testar uma cópia do Red Hat 6 e achei que o GNU/Linux ainda estava um pouco "cru" para minhas necessidades, e como o OS/2 me atendia muito bem dentro das limitações de meu equipamento, fiquei onde estava. Eu possuia um já defasado 586 133Mhz com 16Mb de ram onde o Warp 4 com sua interface magnífica (por causa do SOM System Object Modeling que eu ainda não vi em nenhum outro sistema operacional) ficava um pouco lento. Mas mesmo com o Windows rodando mais rápido os constantes travamentos deste (talvez por causa do péssimo hardware) me irritavam. Então eu preferia o Warp, ainda que um pouco mais lento, mas que já me permitia trabalhar o dia todo sem precisar dar boot no PC.
Na verdade minha grande briga com o Windows nem era essa, afinal eu não precisava (e nem preciso até hoje) de um sistema de alta disponibilidade em casa. Só que a conexão discada de pulso único, nas madrugadas de Sábado, exigiam um sistema que, após 40 minutos de linha ocupada do provedor, quando conectasse à internet pudesse ficar ligado sem problemas até às manhãs de Domingo. Com o Windows isso era impossível. Descobri que quando meu Warp finalmente se conectava ao provedor eu poderia abrir um Windows 3.11 e navegar com o Netscape dentro desse Windows. Assim quando o velho windows travava eu abria outra seção e não perdia a conexão.
Quando a IBM lançou o Netcape Communicator para OS/2 (sim era a IBM que fazia isso, não a Netscape) abandonei o Windows de vez e entrei no esquema que uso até hoje, de manter um Windows apenas para CAD e jogos. Quando comprei um exemplar da Revista Geek #7 veio junto um tal BeOS R5 Personal Edition. Essa versão específica do BeOS era um trial (muito parecido com os LiveCDs de GNU/Linux de hoje) que permitia que você desse o boot de um Windows para o BeOS, sem precisar instalar o Be efetivamente. O sistema todo ficava em um arquivo da partição FAT.
Impressionou-me a velocidade do sistema, e principalmente a rapidez do boot. Naquele equipamento mixuruca o BeOS estava pronto para operação em apenas 20 segundos. Isso era mesmo incrível. Mas como o BeOS não reconheceu meu modem eu continuei no velho e bom Warp 4. Mas mesmo com aquele desempenho nunca visto algo me dizia que o BeOS não daria certo e sua mantenedora, a Be Inc. não iria longe. Afinal, se a NeXT tinha afundado e a gigante IBM falhara em fazer o OS/2 ser uma alternativa viável contra o Windows porque a Be, e logo ela, conseguiria sucesso? O BeOS nem reconhecia meu modem!
Infelizmente meus presságios se confirmaram no começo de 2001 quando a Be Inc fechou as portas e vendeu sua propriedade intelectual para a Palm. Naquele mesmo ano todos os usuários de OS/2 já sabiam que não haveria versão 5 do Warp pois a IBM também desistira e eu fiz o que todo o mercado fez quando saiu o Windows XP. Eu instalei o Windows XP e aposentei meu OS/2 com uma medalha de condecoração pelos bons serviços prestados e hoje sua bela caixinha tem lugar de honra em minha prateleira.
Desde então alguns grupos na internet falam em OpenWarp, OpenOS/2, OpenBeOS e etc, mas pouco de concreto surgiu a esse respeito. Parecia então que o Windows da MS era vencedor, e que não mais surgiria um sistema para brigar com ele de igual para igual. Até no mercado corporativo as vendas de versões de UNIX perdiam força e o Windows crescia. Parecíamos caminhar apocalipticamente para um domínio total do mercado pelo produto que eu sempre considerei como o pior tecnicamente. Minha teoria de que se criássemos um produto para idiotas apenas os idiotas usariam estava se desmanchando e todos estavam indo para um mesmo caminho, como uma manada de gnus africanos que tenta cruzar um rio repleto de crocodilos famintos.
Mas a história inverteu-se exatamente graças aos crocodilos! Quando ataques virais em massa ameaçaram a internet (em 2002, se não me engano, com o RedAlert) o mercado acordou. A IBM acordou, a HP levantou, a Oracle gritou, a Novell recussitou e de súbito todas as grandes empresas do mercado se perguntaram se não seria melhor tentar outra coisa que não fosse Windows. Olharam todos para o único front de batalha que ainda resistia, os clones livres do velho UNIX. FreeBSD, OpenBSD e várias distribuições de GNU/Linux estavam ativas, tinham bom suporte e pareciam bons sistemas, faltava apenas dar à elas uma oportunidade.
A oportunidade veio, em forma de verbas de desenvolvimento, apoio profissional, contratos de parceria e atenção da mídia especializada, tudo junto. E hoje temos os BSDs (que nunca usei mas dizem que são fantáticos) vários GNU/Linuxes (que mesmo com algumas críticas por parte do pessoal dos BSDs são fantásticos) crescendo como nunca. Até o MacOS X (que é baseado em BSD) quebrou a fama dos MacOSes de serem lindos e ruins ao mesmo tempo e é citado como um sistema sólido e confiável.
Então vieram os LiveCDs, para que aqueles que tinham medo de GNU/Linux poderem testar o sistema sem instalá-lo. E agora temos um BSD em liveCD, é o FreeSBIE que pode ser baixado e usado sem que você precise instalá-lo no seu computador. Um BSD que você roda direto do CD para testar e descobrir como o Windows é deprimente. E vemos pipocar cada dia mais servidores com GNU/Linux, BSDs e outros sistemas derivados destes.
Eu com 4 máquinas em casa, todas rodando GNU/Linux, meus amigos me perguntando sobre ele, querendo instalar. Uma curiosidade crescente sobre o assunto ronda o mercado pseudo-monopolista da MS. A MS ficando desesperada pois sabe que se perder mercado seu modelo de negócios deixa de ser sustentável. E o mais excitante de tudo: novamente temos alternativa! E os sitemas que surgem como alternativa são livres, gratuítos e intercompatíveis. Empresas que dependem de lucro estão me fornecendo seus sistemas operacionais de graça e ainda com o código junto, para que eu possa ter certeza que elas fizeram um bom trabalho. Isso é uma verdadeira revolução, e não importa se você usa Debian, Mandrake ou FreeBSD, pois o mesmo programa roda nos três, na pior das hipóteses com uma recompilação para que tudo funcione direito. Tudo isso era inédito no mundo da informática até a década passada.
Não me parece mais que haverá apenas um sistema operacional para computadores no futuro. Haverá vários e você poderá escolher qualquer um deles. E isso é muito bom e muito saudável. Me lembrei da frase do cientista em Jurassic Park: A natureza sempre encontra um jeito. Bem, ela encontrou esse jeito! Um viva para a diversidade, que tornará todos os competidores cada vez melhores, até mesmo o Windows.
Estávamos em 1999 e o desenvolvimento do GNU/Linux encontrava-se em fanca expansão e eu decidi testar uma cópia do Red Hat 6 e achei que o GNU/Linux ainda estava um pouco "cru" para minhas necessidades, e como o OS/2 me atendia muito bem dentro das limitações de meu equipamento, fiquei onde estava. Eu possuia um já defasado 586 133Mhz com 16Mb de ram onde o Warp 4 com sua interface magnífica (por causa do SOM System Object Modeling que eu ainda não vi em nenhum outro sistema operacional) ficava um pouco lento. Mas mesmo com o Windows rodando mais rápido os constantes travamentos deste (talvez por causa do péssimo hardware) me irritavam. Então eu preferia o Warp, ainda que um pouco mais lento, mas que já me permitia trabalhar o dia todo sem precisar dar boot no PC.
Na verdade minha grande briga com o Windows nem era essa, afinal eu não precisava (e nem preciso até hoje) de um sistema de alta disponibilidade em casa. Só que a conexão discada de pulso único, nas madrugadas de Sábado, exigiam um sistema que, após 40 minutos de linha ocupada do provedor, quando conectasse à internet pudesse ficar ligado sem problemas até às manhãs de Domingo. Com o Windows isso era impossível. Descobri que quando meu Warp finalmente se conectava ao provedor eu poderia abrir um Windows 3.11 e navegar com o Netscape dentro desse Windows. Assim quando o velho windows travava eu abria outra seção e não perdia a conexão.
Quando a IBM lançou o Netcape Communicator para OS/2 (sim era a IBM que fazia isso, não a Netscape) abandonei o Windows de vez e entrei no esquema que uso até hoje, de manter um Windows apenas para CAD e jogos. Quando comprei um exemplar da Revista Geek #7 veio junto um tal BeOS R5 Personal Edition. Essa versão específica do BeOS era um trial (muito parecido com os LiveCDs de GNU/Linux de hoje) que permitia que você desse o boot de um Windows para o BeOS, sem precisar instalar o Be efetivamente. O sistema todo ficava em um arquivo da partição FAT.
Impressionou-me a velocidade do sistema, e principalmente a rapidez do boot. Naquele equipamento mixuruca o BeOS estava pronto para operação em apenas 20 segundos. Isso era mesmo incrível. Mas como o BeOS não reconheceu meu modem eu continuei no velho e bom Warp 4. Mas mesmo com aquele desempenho nunca visto algo me dizia que o BeOS não daria certo e sua mantenedora, a Be Inc. não iria longe. Afinal, se a NeXT tinha afundado e a gigante IBM falhara em fazer o OS/2 ser uma alternativa viável contra o Windows porque a Be, e logo ela, conseguiria sucesso? O BeOS nem reconhecia meu modem!
Infelizmente meus presságios se confirmaram no começo de 2001 quando a Be Inc fechou as portas e vendeu sua propriedade intelectual para a Palm. Naquele mesmo ano todos os usuários de OS/2 já sabiam que não haveria versão 5 do Warp pois a IBM também desistira e eu fiz o que todo o mercado fez quando saiu o Windows XP. Eu instalei o Windows XP e aposentei meu OS/2 com uma medalha de condecoração pelos bons serviços prestados e hoje sua bela caixinha tem lugar de honra em minha prateleira.
Desde então alguns grupos na internet falam em OpenWarp, OpenOS/2, OpenBeOS e etc, mas pouco de concreto surgiu a esse respeito. Parecia então que o Windows da MS era vencedor, e que não mais surgiria um sistema para brigar com ele de igual para igual. Até no mercado corporativo as vendas de versões de UNIX perdiam força e o Windows crescia. Parecíamos caminhar apocalipticamente para um domínio total do mercado pelo produto que eu sempre considerei como o pior tecnicamente. Minha teoria de que se criássemos um produto para idiotas apenas os idiotas usariam estava se desmanchando e todos estavam indo para um mesmo caminho, como uma manada de gnus africanos que tenta cruzar um rio repleto de crocodilos famintos.
Mas a história inverteu-se exatamente graças aos crocodilos! Quando ataques virais em massa ameaçaram a internet (em 2002, se não me engano, com o RedAlert) o mercado acordou. A IBM acordou, a HP levantou, a Oracle gritou, a Novell recussitou e de súbito todas as grandes empresas do mercado se perguntaram se não seria melhor tentar outra coisa que não fosse Windows. Olharam todos para o único front de batalha que ainda resistia, os clones livres do velho UNIX. FreeBSD, OpenBSD e várias distribuições de GNU/Linux estavam ativas, tinham bom suporte e pareciam bons sistemas, faltava apenas dar à elas uma oportunidade.
A oportunidade veio, em forma de verbas de desenvolvimento, apoio profissional, contratos de parceria e atenção da mídia especializada, tudo junto. E hoje temos os BSDs (que nunca usei mas dizem que são fantáticos) vários GNU/Linuxes (que mesmo com algumas críticas por parte do pessoal dos BSDs são fantásticos) crescendo como nunca. Até o MacOS X (que é baseado em BSD) quebrou a fama dos MacOSes de serem lindos e ruins ao mesmo tempo e é citado como um sistema sólido e confiável.
Então vieram os LiveCDs, para que aqueles que tinham medo de GNU/Linux poderem testar o sistema sem instalá-lo. E agora temos um BSD em liveCD, é o FreeSBIE que pode ser baixado e usado sem que você precise instalá-lo no seu computador. Um BSD que você roda direto do CD para testar e descobrir como o Windows é deprimente. E vemos pipocar cada dia mais servidores com GNU/Linux, BSDs e outros sistemas derivados destes.
Eu com 4 máquinas em casa, todas rodando GNU/Linux, meus amigos me perguntando sobre ele, querendo instalar. Uma curiosidade crescente sobre o assunto ronda o mercado pseudo-monopolista da MS. A MS ficando desesperada pois sabe que se perder mercado seu modelo de negócios deixa de ser sustentável. E o mais excitante de tudo: novamente temos alternativa! E os sitemas que surgem como alternativa são livres, gratuítos e intercompatíveis. Empresas que dependem de lucro estão me fornecendo seus sistemas operacionais de graça e ainda com o código junto, para que eu possa ter certeza que elas fizeram um bom trabalho. Isso é uma verdadeira revolução, e não importa se você usa Debian, Mandrake ou FreeBSD, pois o mesmo programa roda nos três, na pior das hipóteses com uma recompilação para que tudo funcione direito. Tudo isso era inédito no mundo da informática até a década passada.
Não me parece mais que haverá apenas um sistema operacional para computadores no futuro. Haverá vários e você poderá escolher qualquer um deles. E isso é muito bom e muito saudável. Me lembrei da frase do cientista em Jurassic Park: A natureza sempre encontra um jeito. Bem, ela encontrou esse jeito! Um viva para a diversidade, que tornará todos os competidores cada vez melhores, até mesmo o Windows.
Comments:
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Realmente, a interface do OS/2 era ótima, nunca vi parecida em outro SO. BeOS pode ser rápido, multimédico, warever, mas a interface dele, que eu saiba é "normal". A "orientação a objetos" da interface do OS/2 era muito boa, e tinha raízes no sistema de arquivos, não era apenas uma casquinha. Coisa fina, espero que ainda haja uma versão aberta...
spuk: realmente o OS/2 tinha uma interface própria, com personalidade e tecnicamente muito boa. O sistema de gerenciamento de objetos era fantástico e os atributos extendidos do sistema de arquivos era uma grande mão na roda, são coisas que sinto falta nos sistemas de hoje.
ro0tz: Em prol do OS/2 deponho que foi o primeiro sistema full 32bit do mercado e que em 1993 (época do 3.11) ainda na versão 3 o Warp já tinha multi tarefa real e memória em modo protegido, coisas que o Windows só teve agora com o XP para desktop. Na real o NT 4, o Win2000 e o Win XP são sistemas que tem o OS/2 Warp como ancestral direto já que muito do seu kernel vem do Warp que a MS e a IBM desenvolveram juntas. Não recomendaria para ninguém buscar o OS/2 Warp 4 (que foi a ultima versão) para instalar hoje, afinal é um sistema de 1996 mas se você buscar um screenshot dlee na net vai ver como a interface dele era irada e única até hoje. De uma procurada e mate a curiosidade era bonita e o mais importante de tudo era muito bem escrita.
Falows!
ro0tz: Em prol do OS/2 deponho que foi o primeiro sistema full 32bit do mercado e que em 1993 (época do 3.11) ainda na versão 3 o Warp já tinha multi tarefa real e memória em modo protegido, coisas que o Windows só teve agora com o XP para desktop. Na real o NT 4, o Win2000 e o Win XP são sistemas que tem o OS/2 Warp como ancestral direto já que muito do seu kernel vem do Warp que a MS e a IBM desenvolveram juntas. Não recomendaria para ninguém buscar o OS/2 Warp 4 (que foi a ultima versão) para instalar hoje, afinal é um sistema de 1996 mas se você buscar um screenshot dlee na net vai ver como a interface dele era irada e única até hoje. De uma procurada e mate a curiosidade era bonita e o mais importante de tudo era muito bem escrita.
Falows!
Recebi por mail dois comentários referentes à esse post que faço questão de trazer à público:
Gilson Candido Santana escreveu: "A principal questão associada ao software livre não é a liberdade, mas sim o compartilhamento do conhecimento para que todos possam evoluir juntos, ai o esquema de patentes falha pois impede o uso do conhecimento adquirido, que é a própria essencia da evolução da humanidade."
É aí que a liberdade torna-se a questão principal, quando a lei de propriedade intelectual te impede de copiar ou aproveitar-se ilícitamente de material de terceiros ela cumpre o papel para o qual ela foi criada, e está certo isso, pois devemos dar crédito aos criadores por suas obras. Mas quando a lei te impede de aprender sobre algo por te proibir de ver isso então há algo errado com essa lei. Se Eisntein tivesse impedido o resto da humanidade de ver sua teoria e de entender como ela funciona não teríamso hoje satélites, aviões transatlanticos e viagens espaciais, ou seja, estaríamos ainda na década de 50 da evolução tecnológica. Apenas o livre acesso ao conhecimento pode permitir que continuemos nossa evolução como sociedade. E para isso a liberdade de observação das invenções de outras pessoas é crucial. Mais que isso, todo cientista busca desenvolver algo para ficar rico e para gerar algum benefício para sua sociedade. Se esse benefício não se espalha por toda a sociedade podemos começar a questionar o papel daquele indivíduo. Por exemplo: eu estou formamndo-me como Engenheiro Civil. Imagine por um momento que eu queira construir um prédio, mas apenas para que as pessoas que me paguem uma taxa possam entrar nele. Isso é absurdo? Mas é isso que fazemos com software hoje, e é igualmente absurdo. As patentes, como usadas hoje no campo da informática, são um atendado contra o modelo de sociedade que construímos, onde as pessoas vão à escola para aprender e para compreender a teoria que elas observam as pessoas precisam de exemplos práticos. Sem exemplos práticos, ou seja sem observar códigos de programas que existem, as pessoas que frequentam as universidades em cursos de tecnologia perdem parte importante do aprendizado. Isso atrasa nossa sociedade e atrasa o desenvolvimento tecnológico da área. É contra isso que devemos lutar, e é a favor da liberdade de observarmos e modificarmos o código de programas existentes que temos que nos posicionar. Sempre respeitando a propriedade intelectual, pois novamente, as pessoas merecem crédito pelas coisas que criam.
ASF enviou: "Na minha opinião é imperativo o fortalecimento e a criação de uma base legal de suporte internacional às licenças livres como GPL, LGPL, Creative Commons, BDS, Apache, etc. Somente dessa forma a propriedade intelectual e o direito autoral realmente serão respeitados e ainda, o controle sobre a obra passará das mãos do "vendedor" para as do "criador".
Já conversei com advogados especialistas na matéria que afirmam que tais licenças possuem um caráter muito mais político e filosófico justamente pela falta de maior respaldo legal e em legislação por exemplo. É preciso lutar para avançar nessa frente."
Exato! A GPL por exemplo não tem validade reconhecida em solo brasileiro porque a legislação brasileira não abre possibilidade para que haja respeito às propriedades intelectuais quando elas são cedidas gratuitamente. Pela lei brasileira ou um software é de domínio público (ou seja, ninguém é dono de sua Propriedade Intelectual) ou ele tem dono. Mas para a seção dessas propriedades o dono deveria fechar acordos com cada usuário, coisa que não ocorre. Então pela lei brasileira o dono de um programa liberado sob a GPL poderia processar todos os que usam seu software. Nosso papel enquanto comunidade seria exigir dos governantes que aprovem uma nova legislação que dê suporte às licenças livres e votar nos governantes que se mostrem favoráveis à adoção de sistemas e licenças livres pelo governo e pela sociedade civil. Assim poderíamos ter, com uma mudnaça da legislação vigente total suporte do governo às licenças como a GPL, a BSD e etc.
Obrigado à todos pelos comentários e considerações.
Gilson Candido Santana escreveu: "A principal questão associada ao software livre não é a liberdade, mas sim o compartilhamento do conhecimento para que todos possam evoluir juntos, ai o esquema de patentes falha pois impede o uso do conhecimento adquirido, que é a própria essencia da evolução da humanidade."
É aí que a liberdade torna-se a questão principal, quando a lei de propriedade intelectual te impede de copiar ou aproveitar-se ilícitamente de material de terceiros ela cumpre o papel para o qual ela foi criada, e está certo isso, pois devemos dar crédito aos criadores por suas obras. Mas quando a lei te impede de aprender sobre algo por te proibir de ver isso então há algo errado com essa lei. Se Eisntein tivesse impedido o resto da humanidade de ver sua teoria e de entender como ela funciona não teríamso hoje satélites, aviões transatlanticos e viagens espaciais, ou seja, estaríamos ainda na década de 50 da evolução tecnológica. Apenas o livre acesso ao conhecimento pode permitir que continuemos nossa evolução como sociedade. E para isso a liberdade de observação das invenções de outras pessoas é crucial. Mais que isso, todo cientista busca desenvolver algo para ficar rico e para gerar algum benefício para sua sociedade. Se esse benefício não se espalha por toda a sociedade podemos começar a questionar o papel daquele indivíduo. Por exemplo: eu estou formamndo-me como Engenheiro Civil. Imagine por um momento que eu queira construir um prédio, mas apenas para que as pessoas que me paguem uma taxa possam entrar nele. Isso é absurdo? Mas é isso que fazemos com software hoje, e é igualmente absurdo. As patentes, como usadas hoje no campo da informática, são um atendado contra o modelo de sociedade que construímos, onde as pessoas vão à escola para aprender e para compreender a teoria que elas observam as pessoas precisam de exemplos práticos. Sem exemplos práticos, ou seja sem observar códigos de programas que existem, as pessoas que frequentam as universidades em cursos de tecnologia perdem parte importante do aprendizado. Isso atrasa nossa sociedade e atrasa o desenvolvimento tecnológico da área. É contra isso que devemos lutar, e é a favor da liberdade de observarmos e modificarmos o código de programas existentes que temos que nos posicionar. Sempre respeitando a propriedade intelectual, pois novamente, as pessoas merecem crédito pelas coisas que criam.
ASF enviou: "Na minha opinião é imperativo o fortalecimento e a criação de uma base legal de suporte internacional às licenças livres como GPL, LGPL, Creative Commons, BDS, Apache, etc. Somente dessa forma a propriedade intelectual e o direito autoral realmente serão respeitados e ainda, o controle sobre a obra passará das mãos do "vendedor" para as do "criador".
Já conversei com advogados especialistas na matéria que afirmam que tais licenças possuem um caráter muito mais político e filosófico justamente pela falta de maior respaldo legal e em legislação por exemplo. É preciso lutar para avançar nessa frente."
Exato! A GPL por exemplo não tem validade reconhecida em solo brasileiro porque a legislação brasileira não abre possibilidade para que haja respeito às propriedades intelectuais quando elas são cedidas gratuitamente. Pela lei brasileira ou um software é de domínio público (ou seja, ninguém é dono de sua Propriedade Intelectual) ou ele tem dono. Mas para a seção dessas propriedades o dono deveria fechar acordos com cada usuário, coisa que não ocorre. Então pela lei brasileira o dono de um programa liberado sob a GPL poderia processar todos os que usam seu software. Nosso papel enquanto comunidade seria exigir dos governantes que aprovem uma nova legislação que dê suporte às licenças livres e votar nos governantes que se mostrem favoráveis à adoção de sistemas e licenças livres pelo governo e pela sociedade civil. Assim poderíamos ter, com uma mudnaça da legislação vigente total suporte do governo às licenças como a GPL, a BSD e etc.
Obrigado à todos pelos comentários e considerações.
Falcon_Dark, após citar ASF, escreveu:
"A GPL por exemplo não tem validade reconhecida em solo brasileiro porque a legislação brasileira não abre possibilidade para que haja respeito às propriedades intelectuais quando elas são cedidas gratuitamente. Pela lei brasileira ou um software é de domínio público (ou seja, ninguém é dono de sua Propriedade Intelectual) ou ele tem dono. Mas para a seção dessas propriedades o dono deveria fechar acordos com cada usuário, coisa que não ocorre."
Isso está totalmente incorreto, não passa de FUD!!! Tome cuidado com as informações que publica!!!.
É fato:
__A validade da GPL no Brasil foi analisada e consolidada pela Fundação Getúlio Vargas, num projeto em parceria com a CreativeCommons.org. Em outros países nos quais foi posta a prova, a GPL saiu ilesa.
__Ao licenciar o uso de sua obra com uma licença livre, o autor NÃO ESTÁ CEDENDO SEUS DIREITOS a ninguém -- o que seria caso para contrato --, mas simplesmente AUTORIZANDO O USO da obra, o que é muito diferente. Atenção aos termos é crucial.
__Segundo a Lei que regula os direitos autorais no Brasil, a Lei 9610/98, Art. 29, "Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades[...]". Mas NÃO É NECESSÁRIO existir um CONTRATO específico, nominal, PARA CADA licenciado (afinal, trata-se de LICENÇAS). Então pela GPL, FDL, licenças providas pela CreativeCommons ou outras, o autor está dando autorização prévia e expressa para o uso de sua obra.
__Além disso, pelo Art. 30 da mesma lei, "No exercício do direito de reprodução, o titular dos direitos autorais poderá colocar à disposição do público a obra, na forma, local e pelo tempo que desejar, a título oneroso ou gratuito."
Hudson
"A GPL por exemplo não tem validade reconhecida em solo brasileiro porque a legislação brasileira não abre possibilidade para que haja respeito às propriedades intelectuais quando elas são cedidas gratuitamente. Pela lei brasileira ou um software é de domínio público (ou seja, ninguém é dono de sua Propriedade Intelectual) ou ele tem dono. Mas para a seção dessas propriedades o dono deveria fechar acordos com cada usuário, coisa que não ocorre."
Isso está totalmente incorreto, não passa de FUD!!! Tome cuidado com as informações que publica!!!.
É fato:
__A validade da GPL no Brasil foi analisada e consolidada pela Fundação Getúlio Vargas, num projeto em parceria com a CreativeCommons.org. Em outros países nos quais foi posta a prova, a GPL saiu ilesa.
__Ao licenciar o uso de sua obra com uma licença livre, o autor NÃO ESTÁ CEDENDO SEUS DIREITOS a ninguém -- o que seria caso para contrato --, mas simplesmente AUTORIZANDO O USO da obra, o que é muito diferente. Atenção aos termos é crucial.
__Segundo a Lei que regula os direitos autorais no Brasil, a Lei 9610/98, Art. 29, "Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades[...]". Mas NÃO É NECESSÁRIO existir um CONTRATO específico, nominal, PARA CADA licenciado (afinal, trata-se de LICENÇAS). Então pela GPL, FDL, licenças providas pela CreativeCommons ou outras, o autor está dando autorização prévia e expressa para o uso de sua obra.
__Além disso, pelo Art. 30 da mesma lei, "No exercício do direito de reprodução, o titular dos direitos autorais poderá colocar à disposição do público a obra, na forma, local e pelo tempo que desejar, a título oneroso ou gratuito."
Hudson
Gostei muito de seu texto!!!
E aproveitando vou fazer um comentario...
ja que a ibm esta contribuindo com o open-source e linux acho que eles deveriam disponibilizar o codigo do OS/2 para a comunidade...
Eu seria o primeiro a contribuir com codigos money e mercha ...
Tomara que me escutem hehehe
E aproveitando vou fazer um comentario...
ja que a ibm esta contribuindo com o open-source e linux acho que eles deveriam disponibilizar o codigo do OS/2 para a comunidade...
Eu seria o primeiro a contribuir com codigos money e mercha ...
Tomara que me escutem hehehe
Sobre a GPL postei um novo tópico no Blog com estas informações, muito boas aliás, de que existe algum suporte à licenças de uso gratuitas na legislação brasileira.
Com relação ao OS/2, ricardo, o problema é que algumas partes do código do Warp (inclusive de kernel) não pertencem à IBM, mas outras empresas e isso impediria a IBM de lançar o código fonte para desenvolvimento comunitário, ao menos foi isso que a IBM disse ao tirar o produto do mercado.
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Com relação ao OS/2, ricardo, o problema é que algumas partes do código do Warp (inclusive de kernel) não pertencem à IBM, mas outras empresas e isso impediria a IBM de lançar o código fonte para desenvolvimento comunitário, ao menos foi isso que a IBM disse ao tirar o produto do mercado.
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