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sábado, agosto 07, 2010

Porque a Apple ignora o software livre

Já é um clássico. O rapaz magro, de jeans, camiseta e tênis aparece e anuncia “Olá, eu sou o Mac” e do outro lado a versão cheinha do Bill Gates rebate “E eu sou o PC”. O resto do comercial sempre é sarcástico ou bem humorado e ressalta as qualidades do produto Apple frente ao produto Dell.

Dell? Como assim Dell? Bem, a Dell faz PCs, não faz? Mas poderia ser frente ao produto Sony, ou HP, ou Acer, ou Asus.

Acontece que a maior parte das propagandas fala de virus, firewalls, interface, compatibilidade, travamentos, coisas que não são, na maior parte das vezes, inerentes ao hardware. Todo mundo sabe que o grande alvo é o Microsoft Windows. Todo mundo sabe porque o grande boom, nos EUA, de crescimento dos Mac no mercado tem nome: Windows Vista. O usuário comum percebeu os problemas do Vista e olhou para o outro lado da cerca.

Hoje Macs respondem por 8% do mercado de computadores pessoais dos EUA segundo o Gartner Group considerando as vendas de equipamentos novos no primeiro trimestre de 2010. Para se ter uma idéia a Toshiba possui 8,6% do mesmo mercado e a fatia da Apple é maior que a da Sony e que a da Asus, apenas para ilustrar. Além disso, segundo dados do NPD de Junho de 2009 no mercado de computadores pessoas acima de US$1.000,00 de preço unitário a participação da Apple era de graves 91% também nos EUA. Ou seja, na terra do Tio Sam a Apple é uma unanimidade maior que o Windows quando trata-se de máquinas premium. Nada mal para quem usa um sistema totalmente proprietário e incompatível com o padrão do mercado.

Eu citei isso apenas para deixar claro o quão benéfico para a Apple foi o tropeço da Microsoft com o Vista. Mas de fato o alvo da propaganda Get a Mac da Apple não é puramente o PC nem somente do Windows. O alvo é a combinação de ambos. O que se poderia chamar de Experiência de Uso do Produto PC. A Apple não poderia atacar diretamente a arquitetura x86 pois ela própria é cliente da Intel e os Macs são nada mais do que PCs vestidos de gala. Então a Apple precisou montar um pacote, parecido com sua própria oferta de casamento perfeito de hardware e software, para comparar com seu produto em suas peças publicitárias.

O PC da propaganda da Apple não é um PC com Linux, isso é certo, pois muitas vezes ele próprio cita o sistema da Microsoft e alguns de seus tradicionais problemas crônicos. O PC da propaganda da Apple é um legítimo Wintel (máquina que combina Windows com processador padrão Intel), mas porque ignorar completamente o fato de que PC podem usar outro sistema operacional? Mais, porque ignorar completamente o software livre ainda que a Apple esteja usando projetos de Open Source para construir seu eco-sistema?

Ataque sempre o mais fraco
Se você quer ganhar mercado usando marketing não é muito inteligente atacar o competidor mais forte. Gaste sua verba de marketing mirando no adversário mais fraco e você poderá ganhar mais pontos e mais rápido. No caso dos sistemas operacionais paradoxalmente o maior é o mais fraco. Com uma base de usuários gigantesca o Windows tem todos os dias seus defeitos expostos ao escárnio público. As falhas do Windows são muito mais conhecidas e exploradas publicamente que as falhas do Linux.

Além disso onde você acha que existem mais usuários insatisfeitos? Os usuários de Linux normalmente são pessoas que usam o sistema por opção própria e por isso estão mais cientes dos problemas que vão encontrar. Usuários de Windows, por sua vez, vão desfilar uma série de motivos, jogos, compatibilidade com software ou hardware existente, veio junto com a máquina e eu não sei tirar antes de chegar no “eu uso e quero usar Windows porque gosto”. Então se existe um público que é potencialmente insatisfeito de 90% dos usuários de PCs coloque o Windows na maldita propaganda, oras!

Modelos divergentes
Seria uma simplificação horrível dizer que o foco da Apple é o Windows apenas por questões de market share. Até porque a Apple não ignora a existência de Linux somente, ela ignora a existência de tudo que é FOSS (Free and Open Source Software) desde o Gimp, o Firefox, o OpenOffice, o Linux e quase todo o resto. Apenas o Apache e umas poucas coisas muito profissionais a Apple mantém no seu MacOS Server, nada para o usuário de PCs domésticos. Ela poderia ter uma versão maravilhosa do OpenOffice for Mac e ajudar muito a comunidade mas prefere manter seu iWorks como pacote de escritório da sua plataforma.

Isso ocorre em grande parte porque o Software Livre e o Software Apple (chamando assim para não generalizar como Proprietário) possuem modelos filosóficos tão divergentes que um choque entre eles coloca em risco o próprio eco-sistema da marca da Maçã. Software Apple é feito para controlar a experiência de uso do consumidor de uma forma muito específica. Admitir software livre significa que você não controla mais cada vírgula da documentação, cada sombra de ícone da interface, cada cor de fonte que o computador mostra durante o boot. Isso vai de encontro com o “jeito Steve Jobs de fazer” que deseja determinar como cada coisa vai aparecer e funcionar mesmo depois de estar na mão do usuário por dois anos.

Para a Apple criar o bootcamp e dar suporte ao Windows foi simples porque ela sabe como o Windows é e como parece já que a Microsoft adota um modelo semelhante de controle inerente ao Software Proprietário. Mas ao negar suporte oficial ao Linux a Apple está dizendo nas entre-linhas que não quer ver qualquer splashscreen nas telas dos seus computadores por aí afora. Se você acha exagero pense sobre o significado de proibir pornografia na App Store dos iPhones e iPads. A Apple não quer dispositivos com seu logotipo mostrando cenas de sexo nos cafés mundo afora. É um modelo de controle supremo que precisa negar a aderência a qualquer software que possa ser livremente modificado.

O meu jeito é o correto
Esse controle íntimo da experiência de uso e até do que o usuário pode ou não fazer com o dispositivo foi edificado como um dos pilares da Experiência de Uso Apple. Não existe um logotipo para o MacOS (como existe para o Windows), nem um logotipo para os MacBooks (como existe para os Sony Vaio), nem para os iPhones (como existe para o Google Nexus One) todos os produtos, sistemas, softwares da Apple sempre se identificam com o logotipo da maçã usado para a própria empresa Apple. Essa uniformidade visual e linguística representa o anseio de criar uma experiência controlada em cada aspecto, impossível de manter se qualquer coisa pudesse ser alterada pelo usuário.

Muitos usuários de sistemas Linux gostam de customizar seus desktops e compartilhar screenshots na internet. Eles se divertem tanto com isso como os motoqueiros que customizam suas motos para mostrá-las aos outros nos encontros motociclísticos aos quais aparecem. Imagino o que aquelas imagens de caixas de diálogo com botões de OK e Cancelar ora na esquerda, depois na direita, primeiro um e outro, depois invertidos fazem com Steve Jobs. Devem dar grandes náuseas a ele. Mas até então você não viu grande sentido ou problema nisso tudo que estou colocando.

Parte do sucesso da Apple no mercado de consumo é fruto de conseguir vender ao consumidor a crença de que ela está certa ao tentar controlar tudo em cada aspecto. Você deve aceitar que plugar seu iPod em outro iTunes apaga todas as suas músicas, deve achar que isso é o certo a fazer e não se importar com isso, para ser feliz com o iPod. O que aconteceria se esse usuário um dia, ao experimentar o Linux e o Amarok, descobrisse que não é preciso apagar todo o conteúdo do iPod para conectá-lo a outro computador?

A Apple não pode admitir a possibilidade de estar errada no modelo do controle supremo porque se os usuários experimentarem pequenas liberdades podem não voltar para comprar um novo produto amanhã. Para a Apple é tão importante fazer de conta que software livre não existe quanto é importante para uma ditadura fazer de conta que imprensa livre não existe.

Mentalidade oitentista
Oitentista refere-se à década de 1980. Quando a Apple surgiu Steve Jobs era bicho grilo e pregava o uso de LSD e do amor livre. Talvez sua demissão da Apple tenha o transformado num senhor amargo tão compulsivo por controle quanto um titeteiro. Talvez nem seja ele. O fato é que por baixo da fina camada de acrílico e alumínio que cobre a Apple inovadora existe uma empresa retrógrada e tão presa ao passado quanto a própria Microsoft. Impedir o usuário de rodar o programa que ele deseja? O que é isso, estamos na Coréia do Norte?

O MacOS pegou tudo que sabe do NextStep, o que era bom e o que era ruim. Alguém aí programa em Objective-C? Alguém se lembra o que é um microkernel? São coisas da década de 1980 que foram abandonadas pelo resto do mundo no meio dos anos 1990 por alguns bons motivos. Os fãs da Apple estavam comemorando a chegada da multi-tarefa ao iPhone alguns dias atrás. Será que eles sabem em que ano estamos vivendo? Esse exemplo deixa muito claro o que estou querendo passar aqui. Comparar a multi-tarefa do Android com a do iPhone é ridículo... para a Apple. Mas obviamente a Apple não pode mais fazer de conta que o Android não existe.

Muitas outras “monotarefas” dos produtos e do modelo Apple existem e elas ficariam bem claras à luz de um sistema muito melhor que o Windows, como o Linux. Por isso a Apple pretende não contar ao mundo que o Linux existe, fingindo que ele não está lá! É algo totalmente diferente do que a Microsoft tem feito, e muito mais inteligente. Por quanto tempo dará certo é outro assunto.

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Comments:
Tinha tudo pra elaborar em críticas reais e pegar os pontos podres da Apple (que tem e são vários), mas só o título "apple ignora o software livre" e "quem programa em objective-c?" na parte do pensamento oitentista já mostrou a ingenuidade do post. Uma pena... não rola nem debater...
 
Este comentário foi removido pelo autor.
 
Ler seus artigos é sempre um prazer, se fosse uma dama eu diria que é um orgasmo mental, pois as ideias são claras, nos fazem enxergar a realidade como que em uma lente de aumento. Parabéns!
 
"Esta postagem foi removida pelo autor."

Só a Apple que censura né? ;-)
 
"Esta postagem foi removida pelo autor" significa que ela foi removida pelo autor do comentário, não por mim.
 
Concordo contigo na parte "Ataque o mais fraco". Boa parte dos argumentos da campanha Mac x PC (já descontinuada, aliás) são problemas que não atacam o Linux.
Mas, se a Apple quisesse colocá-lo como alvo, teria o que atacar: A falta de muitos softwares proprietários (diga para a maioria dos designers que ele deverá usar só o GIMP pra ver a reação...), a falta de uma experiência unificada, a dificuldade para algumas tarefas (ainda que esse esteja quase extinto, certamente seria explorado).

O ponto é: A Apple não ataca o Linux porque não o vê como concorrente. A própria MS só atacou o Linux no meio corporativo, nunca para o usuário final.
Fora do círculo geek, é difícil ver alguém que use Linux. Apesar de ser melhor que o Windows, o apelo dele é pequeno. A maioria das pessoas nem sabe o que é um sistema operacional...
Se os PCs com Linux pré-instalado ao menos tivessem algum cuidado com a experiência de uso, talvez teriamos mais usuários Linux "leigos". O sistema é bom, mas o deixam de tal forma que o uso fica impraticável.

Agora, dizer que a Apple ignora tudo que é FOSS é bem infundamentado. Não só ela é dona do CUPS, como o kernel do OS X (derivado do FreeBSD e NetBSD) é aberto. Ah, e tem o Webkit, que veio do KHTML e é aberto - sendo usado pelo Google no Android e no Chrome e pela Nokia, Palm e RIM nos seus celulares.
(Mais detalhes em http://www.opensource.apple.com/ )

A Apple poderia manter um "OpenOffice for Mac"? Poderia, mas a comunidade reclamaria que ela está usando a tática "Embrace, extend and extinguish" da MS, ao implementar tecnologias próprias do OS X nele (coisa que ela faz no iWork) e impedir que a comunidade aproveite as modificações.
Certas coisas são complicadas de se fazer com software livre, especialmente quando se trata da mistura livre+proprietário.
Dá para liberar o código, mas só até esse ponto. Daqui pra lá interfere no meu modelo de negócios.
 
É 100% besta achar que a estratégia da Apple para o iPhone tenha qualquer coisa a ver com a estratégia do OS X. A Sony proíbe a execução de qualquer programa não-autorizado no Playstation 3, mas isso não tem nada a ver com o Vaio.

Ah, e na língua da maioria das pessoas, um PC é um computador Intel com Windows. Vá loja de software mais próxima e veja todas as caixinhas, particularmente jogos, que dizem que rodam em PC. Conte quantas delas estão falando em Linux. Pois é...
 
@Felipe Cepriano
Fico feliz em você ter citado o CUPS pois ele é uma peça importante também no Linux, mas faço duas observações. A primeira é que a Apple comprou o código do CUPS pronto porque ela precisava e foi "obrigada" pela GPL a mantê-lo livre. A segunda é que grande parte das adições da própria Apple foram para que ele funcionasse bem no MacOSX e são proprietárias. O CUPS foi originalmente desenvolvido por Michael Sweet na Easy Software Products.

Com relação ao Darwin acho interessante a Apple mantê-lo livre, entretanto muitos desenvolvedores sempre reclamaram bastante sobre a forma como a Apple gerenciava e controlava os repositórios. Além disso o Darwin sozinho serve para pouca coisa. Sem o Carbon, o Cocoa, o Quartz Compositor e a Aqua aplicações de MAC não podem rodar no Darwin. Tudo isso é proprietário, então um OpenDarwin depende do Gnome ou do KDE para rodar apenas o que Linux e BSD já rodam.

O WebKit é o único projeto nascido na Apple que é notório pelas contribuições ao software livre de fato. Mas como você mesmo lembrou, ele veio do KHTML, então é por isso que ele é aberto, novamente uma obrigação da GPL.

Se conseguir lembrar de qualquer coisa importante que a Apple tenha começado mesmo e que seja GPL me avise, nesse momento não consigo pensar em nada. Daí minha crítica. Ela se aproveita bem de alguns projetos FOSS que foram úteis para ela quando o MacOS precisava de uma força, principalmente no começo dos anos 2000. Bem diferente do trabalho da RedHat não é?

É claro que a Apple entende bem FOSS, o post tem o objetivo de lançar uma luz de cor diferente nisso. Ela entende tão bem que tem medo. Tem medo de falar sobre Linux e lançar sobre ele as atenções de seus usuários, que no geral acreditam que tudo que a Apple faz é bom.

Outro exemplo. O iPhone4 tem problemas de antena. A primeira reação dos fãs da Apple e do Steve Jobs foi dizer que todos os smartphones tem problemas de sinal. Não estamos errados pois nossos concorrentes também têm esse defeito. Isso é péssimo, é uma postura ruim para a própria indústria. Pense na indústria automotiva, é como se a Toyota, em lugar de tentar resolver os problemas dos aceleradores dos Corolla começasse a mostrar quais outros carros também ficam com o acelerador travado.

Voltando ao software livre, a Apple poderia ter feito os drivers e padrões de conexão dos iPods abertos. Assim os desenvolvedores do Amarok poderiam facilmente adicionar suporte ao iPod. Em lugar disso ela lançou especificações fechadas, nesse sentido ignorando o mundo do software livre.
 
Sou usuária de Linux há dez anos. Comprei um Mac há um mês depois de ficar de saco cheio de precisar ser uma sysadmin ninja pra ter um Linux azeitado do jeito que eu gosto. Tem um bug do OpenOffice que eu acompanho há anos - o split screen windows - que ninguém parece se preocupar em resolver - e outro que me causa irritação a cada atualização do GTK a relação do gtk_im_modules com cedilha - vira c com acento pra quem usa teclado internacional.

É praticamente impossível achar um notebook pequeno que rode um ubuntu ou algo do tipo out-of-the box. Quando você acha, é algo bem caro.

Foi mal, cansei de perder tempo instalando, configurando, e tendo um desktop onde as coisas nem sempre funcionam porque o developer X ou Y não se deu ao trabalho de ajeitar esse ou aquele feature porque interface com o usuário não é o nosso foco. Sistemas Unix continuam sendo minha escolha numero 1 pra servidores (até pq não têm interface gráfica), mas pro meu dia a dia, comprei um Mac.

E ó, funciona viu.

P.S.: Aqui no Canadá tá cheeeeio de usuário de Linux, developer, cujo computador pessoal é macbook - com mil dólares você compra um note, abre, e usa, e tem linha de comando. Quer coisa melhor?
 
E, na verdade a elite de desenvolvimento que usava Linux já migrou pra OS X há muito tempo. Eles ainda usam Linux no servidor, mas não no desktop.

Digamos que das 50 pessoas de quem tenho notícia e que respeito nessa área, 47 usam OS X e os 3 restantes são funcionários da Canonical :)
 
@Renata
Eu conheço sua dor ao passar pelo processo de manter uma distro 100% em seu notebook pessoal desde 2002. Naquele tempo muita coisa tinha menos suporte do que hoje e não funcionava mesmo, sendo necessário muito trabalho para configurar as coisas a cada update de diversos pacotes-base do sistema.

Eu fiz um artigo há cerca de 18 meses chamado O Hardware difinitivo onde eu sugeri que nossa forma de olhar para a relação do Linux com o hardware dos notebooks deveria ser diferente. Basicamente acho que deveríamos ter uma marca de escolha para o Linux e nos movermos em torno de dar suporte pleno à ela. Com as vendas dessa marca em específico aumentando ela "abraçaria" a comunidade e poderíamos construir, com essa marca, uma experiência de uso semelhante àquela proporcionada pelo conjundo da Apple.

Hoje eu votaria na Dell pela sua tentativa de falar sobre Linux abertamente. Se a Dell aceitasse fazer uma linha com o selo Penguin Friendly ou Designed for Linux eu compraria um notebook para usar Linux no dia-a-dia.
 
Só uma correção no comentário:

O KHTML é LGPL e o Webkit tem partes LGPL e BSD. Se ele fosse GPL, o Safari teria que ser aberto também.

[]'s
 
@id
Você está com razão! E a LGPL existe justamente para que software proprietário, como o Safari, possa usar (de várias formas) software livre sem que precise ser livre também.

O ponto que estava sendo ressaltado era o de que o Webkit só ficou livre porque foi feito sobre um trabalho que já era livre também. Para a Apple seria muito mais caro fazer algo do zero do que usar o KHTML como base a "arcar com as conseqüências" de ele ser LGPL. Digo isso dessa forma porque para a Apple fazer software FOSS é um fardo e não uma opção.

A mentalidade da Apple é da mesma época da mentalidade da Microsoft e por isso ambas são muito parecidas. Tudo que a Apple cria ela tenta controlar e o que está com a Apple hoje que é FOSS já era antes de a Apple colocar as mãos.
 
Só alguns pontos…

1º) Há comerciais da Apple sacaneando o Linux (apesar de poucos).

2º) O MacOS tem aquela carinha quadrada de logotipo – mas é verdade: a maçãzinha está em todo lugar.

3º) Do jeito como você colocou até parece que o Objective-C seja algo ruim. É uma das linguagens OO mais bem acabadas que existem, mas o marketing de Java/C++ e um grande período de licença burra (tipo ADA) puseram-na lado.

4º) Também ficou parecendo que microkernel seja algo ruim. A arquitetura do microkernel é muito superior à do kernel monolítico. O problema consiste em duas partes: (1) não era muito viável antigamente devido à alternância de processos requerendo recursos; (2) o Torvalds não gosta de microkernel e, quando ele diz alguma coisa, as vaquinhas de presépio nem questionam, apenas repetem feito papagaios.

Ainda assim concordo com sua linha de raciocínio e suas conclusões. Apenas queria esclarecer estes pontos.

[]’s
Cacilhας, La Batalema
 
@Cacilhας
Há mesmo comerciais da Apple que citam o Linux? Eu não me lembro de nenhum. Fui ao Google atrás disso e não encontrei nada. Gostaria de ver uma, se você pudesse postar um link seria legal.

Aquela carinha quadrada era logotipo do MacOS até algum tempo atrás. Ela ainda consta como logo do Mac no site da Apple. Mas em várias propagandas da série Get a Mac a imagem do iMac ou de um MacBook que fecha a peça traz o logotipo da maçã ao lado da palavra Mac. Na página do produto Mac no site oficial da Apple o logo da carinha também não aparece. Por fim, no MacOS 10.6 o logo da carinha é usado para identificar o Finder e na caixa Sobre Este Mac aparece a maçã sobre o nome Mac OS X mostrando que a estratégia atual da Apple para o produto é usar a maçã como logotipo para o produto Mac, sendo essa estratégia também adotada para todos os outros produtos.

Objective-C não é algo ruim. Nem bom. É uma linguagem como qualquer outra que pode ser adequada para um caso e não para outro. O fato é que ninguém mais a usa em larga escala além da Apple hoje. Ela está lá no Mac OS X (vendido pela Apple como o sistema operacional mais avançado do mundo) porque estava no NextStep. Só por isso. A Apple é muito inovadora em alguns aspectos mas coisas como o apego à uma linguagem que ninguém mais usa apenas porque ela já estava lá não me parece algo muito inovador. O que você diria se a Microsoft continuasse insistindo no Basic, ou a Borland ainda tentasse impor ao mercado o Delphi? Não há nada errado com o Objective-C mas se os caras com barbas brancas na Apple não deixarem o passado pra trás (como o próprio Jobs gosta de dizer que deve ser feito) logo o ciclo de desenvolvimento para Mac vai começar a esfriar. Claro que vai dar pra escrever software em C++ para Mac, mas quem vai fazer um curso de Objective-C para escrever drivers para o Mac OS X? Você?

Microkernel não é ruim, nem bom. No final dos anos 90 todo mundo que tentava fazer coisas grandes na área de sistemas operacionais já havia desistido de usar um desenho microkernel puro. Em geral era lento demais pra funcionar em desktops. Porque a Apple escolheu o microkernel para o Mac OS X? Porque o NextStep usava o Mach. O que há de errado nisso? Absolutamente nada. Mas demonstra o quanto a cabeça da Apple e de Jobs está presa ao que aconteceu nos anos 1980, daí ser oitentista.

Eu busquei essa relação de oitentismo não por conta do Objective-C ou do microkernel em si. Mas para demonstrar que Apple, Microsoft, Jobs e Gates são caras que fundaram suas empresas na década de 70, ficaram grandes na década de 80 quando aprenderam a fazer negócios como gente grande e depois não evoluíram mais.

Nenhum deles entende bem a internet, nenhum deles entende bem como usar e tirar vantagem de Software Livre e todos eles são maníacos por controle do que ocorre em suas plataformas, porque em 1980 era assim. Em 1980 uma empresa que fazia sistemas operacionais jamais poderia conceber que seu sistema dependesse de bibliotecas compiladas por terceiros, seria a morte certa. Para os garotos que entraram na informática na década de 1990, sou um deles, é normal reaproveitar o trabalho de alguém do outro lado do mundo se a licença permitir.

Apple e Microsoft estão na era do software livre e grátis tentando descobrir como vender seus produtos. Estão tendo muito sucesso, mas quando foi a última vez que você comprou um programa dessas duas empresas? E quando foi a última vez que você viu uma propaganda no Google? Mais que isso, eu sou um dos caras que só vai comprar um iPhone quando eu puder instalar o que quiser nele. Proibir-me de fazer isso é algo que só uma empresa que ainda vive em 1984 poderia fazer. Aliás, em 1984 a Apple mandou a propaganda do Big Brother sugerindo que o Grande Irmão fosse a IBM. Será que Jobs sonhou que 25 anos depois um grande candidato à Grande Irmão seria a própria Apple?
 
Falcon_Dark,

Juro que procurei e não encontrei os vídeos, mas sei que existem, pois me lembro. O problema é que há tantas paródias no YouTube que é quase impossível encontrar alguma coisa.

Um amigo meu designer e fã da Apple está procurando. Se e quando ele encontrar, eu repassarei.

Quanto ao ObjC, eu acho que citei os motivos pelos quais ninguém mais usa. Os que você citou são consequências.

É uma linguagem maravilhosa, assim como outras que ficaram um tanto esquecidas, como Smalltalk e Lisp. Acho que o pessoal hoje em dia deveria parar de inventar linguagens novas e olhar um pouco para trás. Talvez o que se deseja fazer seja atendido por alguma linguagem esquecida, apenas aguardando para ser redescoberta.

E há quem usa ObjC sim: lembre-se dos projetos GNUstep e Étoilé, por exemplo.

Quanto ao microkernel acho que é justamente o contrário: não é uma mentalidade oitentista, mas uma visão do que é bom e pode funcionar com a tecnologia moderna.

Cito novamente Smalltalk, que não vingou porque era inviável com a tecnologia da época, mas hoje é a frente até de nosso tempo. Exemplos disso são ferramentas como Squeak e Pharo. Microkernel é o mesmo caso.

A questão entre microkernel e kernel monolítico é uma briga entre Tanenbaum e Torvalds. Tovalds ficou famoso, Tanenbaum nem tanta, então automaticamente Torvalds está certo (pelo menos para o gado).

Quanto a Apple e Microsoft, tenho de concordar 100%: são empresas de mentalidade retrógrada, que têm dificuldade em lidar com coisas simples como Internet e open source. Mas muitas empresas são assim, um exemplo são as atitudes que a Oracle está tomando após a aquisição da SUN Microsystems.

Não me interprete como defensor ou ofensor! Estou apenas fazendo uma análise bem objetiva (apesar de a postura de ofensor ser muito tentadora quando se é um dos ofendidos).

[]’s
Cacilhας, La Batalema
 
Falcon_Dark,

Juro que procurei e não encontrei os vídeos, mas sei que existem, pois me lembro. O problema é que há tantas paródias no YouTube que é quase impossível encontrar alguma coisa.

Quanto ao ObjC, eu acho que citei os motivos pelos quais ninguém mais usa. Os que você citou são consequências.

É uma linguagem maravilhosa, assim como outras que ficaram um tanto esquecidas, como Smalltalk e Lisp. Acho que o pessoal hoje em dia deveria parar de inventar linguagens novas e olhar um pouco para trás. Talvez o que se deseja fazer seja atendido por alguma linguagem esquecida, apenas esperando para ser redescoberta.

E há quem usa ObjC sim: lembra dos projetos GNUstep e Étoilé.

Quanto ao microkernel acho que é justamente o contrário: não é uma mentalidade oitentista, mas uma visão do que é bom e pode funcionar com a tecnologia moderna.

Cito novamente Smalltalk, que não vingou porque era inviável com a tecnologia da época, mas hoje é a frente até de nosso tempo. Exemplos disso são ferramentas como Squeak e Pharo. Microkernel é o mesmo caso.

(CONTINA…)
 
A questão entre microkernel e kernel monolítico é uma briga entre Tanenbaum e Torvalds. Tovalds ficou famoso, Tanenbaum nem tanta, então automaticamente Torvalds está certo (pelo menos para o gado).

Quanto a Apple e Microsoft, tenho de concordar 100%: são empresas de mentalidade retrógrada, que têm dificuldade em lidar com coisas simples como Internet e open source. Mas muitas empresas são assim, um exemplo são as atitudes que a Oracle está tomando após a aquisição da SUN Microsystems.

Não me interprete como defensor ou ofensor! Estou apenas fazendo uma análise bem objetiva (apesar de a postura de ofensor ser muito tentadora quando se é um dos ofendidos).

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Cacilhας, La Batalema
 
@Cacilhας
Antes de tudo, não existe defensor ou ofensor. O objetivo é o mesmo, debater e nada mais. Se houver algo que tenha ofendido eu peço desculpas, a idéia não é essa.

Veja, não estou tentando desclassificar o Objective-C, nem o microkernel. O grande objetivo do argumento era salientar que eles estão no Mac OS X até hoje porque estavam no NextStep, da década de 1980 e que a forma de fazer negócios da Apple é a mesma usada naqueles dias. Deu certo até agora e trouxe Apple e Microsoft até aqui mas vai mostrar problemas daqui por diante.

Por que? Porque foi a partir da década de 1990 que a internet e o software livre ganharam força no mercado de consumo de massa. Então esses caras estão fazendo negócios com uma metodologia que desconhece os concorrentes. Como para sua estratégia o concorrente não existe você precisa fazer marketing como se ele não existisse. É o ponto central do post.

Quer provas? O Android já superou o iOS em vendas nos EUA (e segundo alguns levantamentos mais recentes no resto do mundo também). O Android vai superar o Blackberry ainda este ano. Coisa que o iOS não fez. Enquanto a Apple está preocupada em controlar a experiência de uso e luta para excluir da mente do mercado o Adobe Flash algo mais livre e sem comprometimento com uma marca sequer vende mais. Isso é algo que a cabeça oitentista da Apple e da Microsoft não consegue entender.

Mais que isso. Quando o Chorme OS do Google chegar às lojas operando netbooks vai virar uma grande avalanche. Bons tablets de marcas conhecidas com o Chrome OS ou o Android vão vender, em número, mais do que o iPad. Essa é minha aposta. Por quê? Porque é o modelo que o Windows usou e deu muito certo, mas a Microsoft não conseguiu reproduzir porque não entende a cabeça do consumidor da era da internet.
 
Nossa, tinha esquecido desse post. A discussão aqui está bem interessante (e num bom nível, coisa difícil nesse assunto).

Falcon, tenho que concordar com você que sim, a Apple apóia Software Livre quando é conveniente. Bem, numa empresa cujo foco é vender hardware (e o software atrelado a ele - que é o grande diferencial, aliás), não havia como ser diferente.
Abria mais do OS X seria prejudicial para a Apple porque o OS X é exatamente o que diferencia o Mac de um PC qualquer.
Mas citei exemplos que me fazem acreditar que a Apple não ignora o software livre. Ela não vive de SL, como a RedHat, mas tampouco o ignora.

Você fala que ela poderia liberar as especificações do iPod, mas o ponto é que ela quer manter a experiência de uso amarrada.
Para quem usa software livre (e quase sempre tem uma ideologia diferente, que prefere ter muitas opções), isso pode parecer um abuso, mas mantendo o ecossistema do iPod controlado, a Apple evita problemas.
Parte da "magia" que a Apple anuncia vem disso: Você liga seu iPod no computador e automaticamente as músicas que você adicionou no iTunes são transferidas para ele. Quer um álbum novo e em minutos você o compra e ele vai pro iPod.
Esse é o tipo de experiência que muita gente na comunidade de SL ignora, mas que para muita gente faz diferença.

O Android realmente vende mais no US que o iOS, especialmente por estar em todas as operadoras e ter várias opções (muitas vezes "compre um e leve outro igual junto", por U$$199), mas o objetivo da Apple não é ter mais market share. Se ela conseguir, ótimo.
Mas a preocupação é muito mais em manter a rentabilidade do que com o volume.
Apesar de ter market share baixo, os Macs vão muito bem, por exemplo.

(E quero que o Chrome OS morra logo. Não existe razão dele existir com o Android ai. Já basta a fragmentação de várias versões do Android, que só complica as coisas....)
 
@Felipe Cepriano
Bem vindo de volta! ;-) Mais do que conveniência, a Apple só faz software livre quando é obrigada ou quando fazer proprietário seria mais caro. No caso do Mac OS X eu concordo com você, muitas partes dele a Apple mantém proprietárias por questão de sobrevivência. Nada de errado com isso, exceto pelo fato de que faz a parte aberta do Mac OS X ser bastante inútil. Quantos OpenDarwin existem rodando em máquinas x86 genéricas por aí?

Porém existe uma montanha de coisas que poderiam ser abertas. A conexão com os i3P (iPod, iPhone, iPad) poderia ser um padrão open para que pudesse ser implementado facilmente. Não mudaria em nada a experiência de uso do iTunes que você descreveu. Mas muda o quanto a Apple pode cobrar da Pioneer para que o rádio desta consiga conectar-se ao iPod, muda a forma como eu tenho que trabalhar com um iPod no Linux. E essa parte da experiência de uso, que é ruim, a Apple vai ignorar para fingir que o Linux não existe.

Se em lugar de abrir a especificação a Apple fizesse um driver para o iPad conectar-se com o Linux e uma versão do iTunes para Linux acabaria comigo. Mas isso também não vai acontecer, pois a Apple não quer que o Linux apareça como alternativa viável.

A razão disso é que o fato de algo desenvolvido no modelo Bazar ser alternativa coloca em cheque a filosofia da Apple, que ela vende junto com os produtos. Para a Apple não pode haver uma experiência de uso positiva com algo que não seja desenvolvido sob um forte sistema de controle como o dela. Algo que não é Apple deve ser ruim, como o que a Microsoft faz. Isso só é verdade se o software livre não existir.

Por isso a Apple fecha os olhos também para o OpenOffice. O iWork tem um formato proprietário, diferente daquele usado no MSOffice. Se o ODF já virou até norma ISO porque não adotá-lo? O iWork sequer exporta para ODF, novamente fingindo que algo que é livre não existe.

Com relação ao share do iOS, eu descordo de você. A ambição da Apple sempre foi ter o maior share entre os smartphones, tanto que em breve teremos um iPhone na Verizon. Maior share significa que você vai ter mais desenvolvedores escrevendo pra você e isso é fundamental no mercado móvel,mais ainda quando você tem uma política de entrada rígida como a da Apple App Store. A reação virulenta da Apple contra o Google e seu Android é uma mostra de o quanto a Apple está desapontada por conta do Android.

Diferente de você eu desejo vida longa ao ChromeOS. Primeiro porque ele vai operar netbooks e outros dispositivos com teclado, ambição maior que a do Android. Segundo que o Android não serve para tablets. Assim como o iOS não serve para tablets também. Compro um tablet com ChromeOS assim que ele chegar ao mercado, mas um tablet com android não quero nem de graça. Idem para o iPad, se me enviar um de graça eu pago a postagem para te devolver.

Não sou louco nem xiita, fiquei 20 minutos com um iPad nas mãos e não vi ele fazer nada melhor que um notebook de 13pol e um Motorola Milestone. Pra que eu iria querer um terceiro dispositivo que não faz nada melhor que os dois que já estão aqui sobre a mesa? Como a filosofia do ChromeOS é um pouco diferente, ele se propõe a ter aplicativos que o iPad não tem, eu acho que ele vai cair melhor para um tablet do que o iOS.

A fragmentação é um problema natural do software livre e temos que encontrar um bom jeito de lidar com isso. O Google ainda vai aprender a fazer as coisas melhor nesse campo, eu espero. Se não aprender não vai durar muito.

No mais, a discussão está mesmo muito boa. Agradeço a vocês por enriquecer o assunto com suas visões e comentários. Muito obrigado!
 
Falcon, mas o problema é que se existir uma opção "oficial" ao iTunes, muita gente vai usá-la e culpar a Apple por problemas.
Pode parecer meio idiota, mas é assim que a Apple funciona. Antes eu defendia que a Apple deveria dar ao iPhone a mesma opção que existe no Android, de permitir aplicativos sem assinatura, dando todos os avisos possíveis que aquilo ferraria seu telefone.
Só que nem só usuários avançados usariam isso - depois de um tempo, qualquer um que fosse na "Jogos para iPhone" no orkut iria fazer esses passos sem ler aviso nenhum só para instalar algum joguinho. E ai, quando desse problema no aparelho, a culpada seria a Apple.
De certa forma, a Apple tira a liberdade dos usuários para manter seu produtos mais confiável - e também sua imagem mais bonita.

E acho que não existe iTunes para Linux porque o Linux ainda não tem presença forte no desktop - e claro, não é a Apple que vai fazer um iTunes pra Linux pra lembrar todo mundo que o Linux existe e pode ser viável. Se antes o Linux parecia bem distante do OS X em termos de experiência de uso, eu já acho que ele está melhor que o Windows em muitos casos - em as metas do Ubuntu são bem próximas do OS x...

Quanto a Market Share, o próprio Jobs disse em 2007 que pretendia ter 1% do market share de celulares. Existem mil rumores sobre iPhones na Verizon, mas eu não acredito muito não... Pelo menos não até ela usar LTE.

E eu não sei no que o ChromeOS faz mais que o Android - ele é basicamente um Linux leve que só roda o Chrome. Não faz nada que o Android não faça. Só fragmenta ainda mais o mercado - as fabricantes não sabem se fazem tablets com Chrome OS ou Android...
Já usar Android pode aumentar a integração entre os smartphones Android e os tablets. Apesar dos Apps (grande maioria em HTML5) do Chrome OS rodarem no Android, o contrário não é verdade. E tem coisa complicada de ser fazer com HTML.

E o iPad (ou tablets com Android) é diferente de smartphones usando o mesmo sistema porque são mais práticos. De novo, é a história da experiência de uso.
Para usar no sofá, o celular tem tela pequena demais. Um uso eventual, tudo bem, mas passar horas navegando fica chato. O notebook não tem esses problemas, mas é menos confortável - o note é mais pesado, tem um método de entrada menos natural e só o boot já leva um tempinho.
Se você for pensar a fundo, é meio que um luxo desnecessário, mas ainda assim é algo interessante. Não pagaria o que pedem por um iPad, mas se me mandarem um de graça... Devolvo não.
 
@Felipe Cepriano
Já estamos um pouco longe do assunto original do post, mas como a conversa está boa... :-)

Ninguém falou em opção "oficial" ao iTunes. Se a Apple não porta o iTunes para Linux porque não vê mercado, tudo bem. Quando o iTunes coloca um mp3 no iPod ele é renomeado e mais algumas mágicas acontecem. Se você acessar o iPod como um pendrive (em uma máquina sem iTunes) verá uma estrutura de diretórios e vários arquivos com nomes bizarros. Tudo que eu queria, e elogiaria, é que essa maracutaia fosse documentada e que uma licença como a BSD ou até a LGPL fosse usada para o padrão (não para o dispositivo, nem para o iTunes em si). Com isso iPods, iPhones e iPads poderiam conectar-se sem problemas à máquinas Linux sem que os desenvolvedores de programas, como o Amarok, tivessem que fazer malabarismos para descobrir como essas coisas funcionam.

A Apple é, no final das contas, uma empresa que não é amiga do Software Livre, fato comprovado por diversas ações que ela toma. E é isso que a postagem original queria mostrar. Ter um ou dois projetos que são de licenciamento livre porque fazem uso de coisas que já eram livres antes (CUPS, Webkit, Darwin) não muda o fato de que restringir a liberdade do usuário sob qualquer pretexto é errado sob a ótica do software livre.

O argumento que você usou no final do primeiro parágrafo é interessante. Mas perigoso. A Apple tira a liberdade dos usuários para manter os produtos confiáveis e interfaces bonitas. Significa que é necessário, para atingir confiabilidade e beleza, restringir liberdades? Não. Significa que algo que deixasse o usuário livre seria feio e pouco confiável? Não. Então é só o caminho que a Apple escolheu. E minha crítica é exatamente pela escolha do caminho. A Apple poderia proporcionar uma experiência de uso diferenciada, com confiabilidade e beleza e me deixar livre para instalar o que quisesse no meu telefone? Poderia, não o fez porque não quis. Escolhas. Tudo no mundo são escolhas. Para mim é a escolha errada, pois é a mesma da Microsoft.

Jobs disse que queria 1% do mercado de telefones ou de smartphones. É bem diferente! Se ele quisesse mesmo apenas 1% não precisaria se preocupar com o Android. Ele se preocupa e disse aos funcionários da Apple "Eles (quem?) querem destruir o iPhone. Nós não deixaremos!". Não parece o discurso de alguém que não se preocupa com market share. Minha visão é a de que Market share importa para a Apple sim, pois foi ele que fez o valor de mercado da empresa crescer tanto.

Existem rumores sobre a Verizon e até já surgiu a informação de que chips Qualcomm CDMA já estão comprados pela Apple, o que significaria que iPhones para a rede Verizon estariam no forno. Meu palpite é que eles aparecem em Janeiro quando o contrato de exclusividade com a AT&T acabar.

A questão não é o que o ChromeOS faz mais que o Android, mas sim o que faz diferente. E é essa diferença que funciona para mim (e uma porção de usuários como eu). Depois de 20 minutos com o iPad na mão eu queria jogá-lo pela janela. Se eu vou navegar por 1 hora na internet não vou fazer isso sentado no sofá em frente a TV. Vou abrir meu note de 13 polegadas e sentar na mesa do escritório. Se estou andando na rua e quero checar um e-mail não vou abrir a mochila e tirar um dispositivo de 9 ou 10 polegadas. Vou tirar o celular do bolso e olhar. Na minha vida um celular de 10polegadas e que não faz chamadas telefônicas não tem espaço. Por isso iOS e Android não vão me satisfazer.

É um luxo desnecessário, como você disse. Tão desnecessário que não vou guardar um único centavo para comprar um. Mais que isso, enquanto não houver um app do Poker Stars na Apple Store vou continuar achando o iPad a coisa mais inútil do mundo! Se ao menos ele me deixasse instalar um aplicativo de Mac OS X.... Oh, é verdade, a Apple não me deixa instalar o que eu quero para me dar uma experiência controlada mais rica, completa e estável. Pena que não tem o que eu quero e preciso... hahahaha
 
Coloquei oficial entre aspas por isso, não seria uma solução oficial, mas de certa forma - por meio da documentação oficial - terial algum aval da Apple.
Tudo o que a Apple não quer são terceiros mexendo com os produtos dela.
É meio que uma proteção: Ela não quer responder por problemas que soluções de terceiros causem. Não digo nem responder em termos de garantia, mas não quer levar a má fama de um problema que não foi ela que causou.
Concordo com você quando diz que não precisamos restringir liberdades para que um software/hardware seja confiável. Só que num ambiente aberto, ele fica mais frágil.
Um dos motivos dos Macs terem menos problemas que PCs é que o hardware deles é bem controlado. A Apple faz o OS X para funcionar bem naquele conjunto e só. Nessas mesmas condições, até o Windows fica melhor (apesar de muitos problemas do Win serem mesmo da MS, muitos são por drivers mal feitos e afins).
O mesmo para o iPhone. Com controle estrito sobre o que roda nele, a Apple consegue evitar que algum usuário baixe um App que deixa o aparelho muito lento - usuário esse que muitas vezes vai reclamar do aparelho, "que não aguenta nada" e não do App.
Em dispositivos móveis, com hardware bastante limitado, um único aplicativo pare de responder pode deixar o sistema todo bastante lento.
Para conseguir o nível de experiência de uso que a Apple quer, esse tipo de limitação é necessário. O modelo da App Store está mais próximo do de um video-game do que de um computador.
De certa forma, a Apple não quer que os iDevices sejam computadores, mas sim uma espécie de eletrodomésticos, que vem selados e você não pode mudar nada. Mas que também costumam dar menos dor de cabeça.
Para nós, que entendemos de computação, trocar a liberdade por (um certo grau de) comodidade pode parecer absurdo, mas para muita gente que considera o computador "uma caixa preta", facilita bastante.

Quanto ao market share, como qualquer empresa, é óbvio que a Apple gosta de vê-lo crescer. Mas também não é o objetivo no.1 dela.
E são tantos os rumores sobre a Apple que fica difícil saber o que estão fazendo. Até acho que vão vender em mais de uma operadora no US, mas aposto na T-Mobile, que também é GSM e não na Verizon. Ao menos até anunciarem o próximo iPhone.

Ainda tenho minhas dúvidas se o Chrome OS é realmente necessário. Talvez com mudanças na interface, o Android sirva tão bem quanto ele. E ao menos mantém algo em comum ao invés de confundir ainda mais.

E essa sua última frase resume muito bem o que a experiência de uso que a Apple quer: Antes não ter um recurso (o que quero/preciso) do que tê-lo implementado "de qualquer jeito" (sem a espêriencia rica, etc). Antes de mais nada, é a empresa que faz um MP3 player sem tela porque "não dá para fazer uma interface decente numa telinha de 1 polegada".
 
Excelente texto.
Engrosso o coro com a Renata, infelizmente manter o Linux como desktop eficiente está sendo (mesmo nos dias atuais) um parto.
No notebook (em especial) é praticamente impraticavel. Rede sem fio e Linux não se dão muito bem.

Enquanto os radicais xiitas do Linux forem referencias para o andamento do OS, vai prevalecer a regra que quanto mais dificil e complexo é melhor.

Unica solução na minha opinião é uma grande corporação criar um sistema operacional baseado em Linux voltado INTEIRAMENTE para o usuario desktop, fazendo parcerias com desenvolvedores de hardwares, e não usar o "nome" Linux, assim como fez a Google com o Android.

Parabens Falcon_Dark, bem bacana o blog.
 
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