sábado, janeiro 28, 2006
Atualize, ou então...
Quando a Microsoft lançou o Windows XP uma das frases de marketing usadas em suas campanhas no exterior foi: "Atualize ou continue travando". Acho isso extremamente curioso. Existe um conceito que costumava ser apreciado no mundo corporativo de antigamente, aliás não só no mundo corporativo, na sociedade como um todo: credibilidade.
Um criminoso era alguém sem credibilidade, um político é hoje alguém sem credibilidade. Um juiz, um pai, são pessoas que normalmente despertam credibilidade nas pessoas. Credibilidade é algo que alguém tem quando as outras pessoas acham que podem acreditar nas coisas que ela faz ou diz.
Para a Ford, para a GM, para a GE, para muitas outras grandes empresas o conceito de credibilidade sempre foi algo importante. Se os consumidores vêem credibilidade em uma empresa eles estão mais propensos ao comprar seus produtos. A Microsoft nos mostra que não. Tratar os consumidores como idiotas dá no mesmo. O engraçado é que se eu chamo os usuários de Windows de idiotas estou sujeito a receber (merecidamente) todo tipo de críticas. Mas a Microsoft pode chamar seus clientes de idiotas... todo mundo sorri e corre comprar a próxima versão, para entrar no forum do Baboo depois e ficar elogiando essa falácia que é chamada de sistema operacional.
Quando a Microsoft lançou o Windows Me anunciou que era o melhor sistema operacional do mundo, seguro, estável, uma maravilha. Quando lançou o XP aparece com essa, ou atualiza ou vai continuar travando. Vai continuar travando? É, vai continuar travando com nosso produto anterior, porque ele era uma porcaria! Faltou dizer algo?
Imagine por um momento que quando lançar um novo modelo de carro o fabricante diga em sua propaganda: compre esse carro, ou continue correndo o risco de morrer dentro do seu carro atual, que nós fabricamos e lhe vendemos 2 anos atrás. Como você reagiria? Sentiria-se um estúpido? O engraçado é que a equipe básica de desenvolvimento do Windows permanece a mesma, o pessoal do marketing permanece o mesmo, assim como os donos e administradores da empresa, que no geral são os mesmos. Não houve grandes mudanças na equipe de desenvolvimento do Windows. Mas espere, eles fizeram um trabalho ridículo na versão anterior, nós sabemos, ele travava muito e era inseguro, mas agora todos tomaram uma poção mágica e aprenderam a fazer as coisas direito, por isso o XP é tão melhor, por isso você deve atualizar ou continuar travando.
Qual a credibilidade que a Microsoft tem para falar sobre como o Vista será mais seguro, se é esse mesmo papo desde o Windows 95 e sempre que uma versão sai eles dizem que a anterior era mesmo horrível mas que essa nova é perfeita. O sistema perfeito de hoje é o horrível de amanhã, por que? Porque, como eu disse antes, o melhor sistema operacional da Microsoft é sempre o próximo, que sairá daqui a 1 ano, que trará tudo, um sistema de arquivos revolucionário, mais segurança, confiabilidade, mais multimídia, uma nova interface...
E qual será o argumento de venda do Vista? "Ei, compre o novo Windows porque eu odiaria ver algo de ruim acontecendo com seu PC..." e o garoto propaganda será um mafioso, como aqueles que vendem "proteção" aos comerciantes para que estes não sejam assaltados por sua própria segurança.
Bem que com o Vista poderia vir um certificado de trouxa, assim você poderia, feliz e contente, comprar o sistema operacional da Microsoft que ela própria ira considerar como muito ruim daqui a 2 anos. Ou você pode estar a frente da Microsoft e considerá-lo muito ruim agora e procurar uma alternativa. Assim você não gasta seu dinheiro em algo que o próprio fabricante irá desqualificar em breve.
Um criminoso era alguém sem credibilidade, um político é hoje alguém sem credibilidade. Um juiz, um pai, são pessoas que normalmente despertam credibilidade nas pessoas. Credibilidade é algo que alguém tem quando as outras pessoas acham que podem acreditar nas coisas que ela faz ou diz.
Para a Ford, para a GM, para a GE, para muitas outras grandes empresas o conceito de credibilidade sempre foi algo importante. Se os consumidores vêem credibilidade em uma empresa eles estão mais propensos ao comprar seus produtos. A Microsoft nos mostra que não. Tratar os consumidores como idiotas dá no mesmo. O engraçado é que se eu chamo os usuários de Windows de idiotas estou sujeito a receber (merecidamente) todo tipo de críticas. Mas a Microsoft pode chamar seus clientes de idiotas... todo mundo sorri e corre comprar a próxima versão, para entrar no forum do Baboo depois e ficar elogiando essa falácia que é chamada de sistema operacional.
Quando a Microsoft lançou o Windows Me anunciou que era o melhor sistema operacional do mundo, seguro, estável, uma maravilha. Quando lançou o XP aparece com essa, ou atualiza ou vai continuar travando. Vai continuar travando? É, vai continuar travando com nosso produto anterior, porque ele era uma porcaria! Faltou dizer algo?
Imagine por um momento que quando lançar um novo modelo de carro o fabricante diga em sua propaganda: compre esse carro, ou continue correndo o risco de morrer dentro do seu carro atual, que nós fabricamos e lhe vendemos 2 anos atrás. Como você reagiria? Sentiria-se um estúpido? O engraçado é que a equipe básica de desenvolvimento do Windows permanece a mesma, o pessoal do marketing permanece o mesmo, assim como os donos e administradores da empresa, que no geral são os mesmos. Não houve grandes mudanças na equipe de desenvolvimento do Windows. Mas espere, eles fizeram um trabalho ridículo na versão anterior, nós sabemos, ele travava muito e era inseguro, mas agora todos tomaram uma poção mágica e aprenderam a fazer as coisas direito, por isso o XP é tão melhor, por isso você deve atualizar ou continuar travando.
Qual a credibilidade que a Microsoft tem para falar sobre como o Vista será mais seguro, se é esse mesmo papo desde o Windows 95 e sempre que uma versão sai eles dizem que a anterior era mesmo horrível mas que essa nova é perfeita. O sistema perfeito de hoje é o horrível de amanhã, por que? Porque, como eu disse antes, o melhor sistema operacional da Microsoft é sempre o próximo, que sairá daqui a 1 ano, que trará tudo, um sistema de arquivos revolucionário, mais segurança, confiabilidade, mais multimídia, uma nova interface...
E qual será o argumento de venda do Vista? "Ei, compre o novo Windows porque eu odiaria ver algo de ruim acontecendo com seu PC..." e o garoto propaganda será um mafioso, como aqueles que vendem "proteção" aos comerciantes para que estes não sejam assaltados por sua própria segurança.
Bem que com o Vista poderia vir um certificado de trouxa, assim você poderia, feliz e contente, comprar o sistema operacional da Microsoft que ela própria ira considerar como muito ruim daqui a 2 anos. Ou você pode estar a frente da Microsoft e considerá-lo muito ruim agora e procurar uma alternativa. Assim você não gasta seu dinheiro em algo que o próprio fabricante irá desqualificar em breve.
quinta-feira, janeiro 26, 2006
Terminais cruzados
Eu acho muito interessante no Linux/Unix a maneira particular que os desenvolvedores desses sistemas tem de tratar as coisas. Problemas comuns aos usuários de informática (de hoje e do passado) são resolvidos com soluções ora inusitadas, ora assustadoramente simples.
Tome por exemplo o X server, responsável para maioria das interfaces gráficas dos *nix em todo mundo. É um sistema cliente/servidor muito criticado, que envolve a implementação e operação de um conjunto de padões e protocolos muito grande e complexo. Possui virtudes adimiradas por muitos e defeitos rechaçados igualmente. Sua separação do sistema operacional é magnífica. É a independência do sistema que permite sua portabilidade, aplicabilidade e funcionalidades ímpares. Pode-se abrir diversos servidores gráficos em uma mesma máquina, pode-se operá-los de maneira flexível e ainda assim poderosa o bastante para ser um dos padrões de servidores gráficos mais antigos em uso comercial hoje.
Ao mesmo tempo o servidor X integra-se com o resto do sistema de uma maneira admirável. Usa seus protocolos de comunicação para conversar com outros clientes e servidores na rede e, graças aos ambientes mais modernos (como o KDE e o Gnome) pode-se operar um Linux na plenitude a partir da interface gráfica, praticamente dispensando-se um terminal (desde que você não seja administrador de sistemas ;-).
Por esporte decidi aproveitar a visita de uma amiga aqui em casa para brincar um pouco com uma das propriedades do X que eu mais gosto (e talvez a que eu mais quisesse que estivesse disponível em outros sistemas operacionais*) que é a possibilidade de fazer forward de terminais via rede usando XDM.
*Eu sei que existem versões/implementações do X para diversos sistemas e plataformas, mas não é a mesma coisa, certo?
Tenho 3 máquinas em casa, uma está sob a tutela da minha irmã, outra encontra-se em meus suntuosos aposentos e meu mais novo rebento, um notebook. Artemis, Phoenix e Bennu, respectivamente.
Artemis é um Pentium III 850MHz com 380MB de ram, HD de 20GB e vídeo nVidia TNT2 16MB. Serve apenas como desktop para que minha irmã navegue na internet, faça trabalhos de faculdade, acesse conteúdo multimídia, enfim, uma vida doméstica normal. Roda Mandriva 2006.
Phoenix é um Pentium III 850MHz com 640MB de ram, 2 HDs de 80GB e vídeo ATI Radeon 9200SE 128MB (não sei o que é pior, essa placa ou seus drivers). Serve como storage de mídia, incluindo DVDs e como minha máquina de produção principal. Roda Mandriva 2006.
Bennu é um Sempron 2800+ 754 pinos 1.6GHz com 768MB de ram, HD de 40GB e vídeo ATI Radeon eXpress 200M 128MB compartilhada (o driver é pior que a placa, mas ela também não é lá essas coisas). Serve como máquina de produção portátil. Roda Windows XP, com Cygwin e em breve alguma distro de Linux também.
Eu já havia configurado os servidores X dos desktops para que permitissem login remoto. Assim da phoenix eu poderia acessar o KDE da artemis e vice-versa. Com as configurações adequadas do Samba não havia diferença estar operando uma máquina ou a outra, você poderia acessar a qualquer momento os arquivos de ambas e usar qualquer programa que estivesse em qualquer PC. Isso é realmente impressionante, não fazer diferença a máquina física na qual você está logado.
Aproveitando a visita de uma amiga nesse fim de semana, e como tinhamos 3 computadores e 3 simpatizantes de Linux decidi brincar com as capacidades de comunicação em rede do servidor X. Operando a bennu com Cygwin eu iniciei uma sessão em meu Mandriva alojado na phoenix. Minha amiga, operando a própria phoenix navegava usando um logon de convidado, de maneira local.
Ficamos ambos operando a mesma máquina ao mesmo tempo, ela localmente e eu remotamente. Navegamos na internet, usamos messenger e eu editava um texto com o OpenOffice.org (um tutorial sobre del.icio.us que será publicado no meiobit.com em breve). A máquina tinha 100% da CPU usada pelo seti@home e grande uso de memória graças ao aMule, portanto com 3 usuários logados (eu estava logado duas vezes ;-) e não havia a menor percepção de lentidão (em um hardware de quase 5 anos de idade). Eu poderia aqui dizer que isso é impossível de fazer em Windows, ou se não é impossível é muito difícil e que isso te custaria dinheiro bastante para comprar um PC extra para que outra pessoa usasse. E é isso mesmo que eu vou dizer, pronto, considere dito! ;-)
Na verdade não há mesmo sentido na idéia do Windows ser multi-usuário (já que ele não é multi-tarefa mesmo hehehe não resisti a essa) já que para fazer isso funcionar você pode mesmo comprar hardware novo, acabando portanto com a necessidade de usar a mesma máquina para multiplos usos em paralelo com multiplos usuários. Mas a coisa ainda fica mais interessante.
Enquanto isso acontecia, em seu quarto minha irmã usava localmente a máquina artemis. Então sugeri que fizessemos uma brincadeira. Eu manteria meu terminal aberto em bennu logado à phoenix e minha irmã viria até a bennu e logaria também na artemis. Feito isso tínhamos 3 usuários em phoenix (2 remotos e 1 local), 1 usuário remoto em artemis e bennu usando Windows localmente e com sessões gráficas remotas em phoenix e artemis. Muito legal ver tudo isso funcionando, mais legal ainda é funcionar por 3 horas sem problema algum, e mais legal que isso apenas os leds do hub que piscavam feito loucos!
Brincadeira muito divertida, mas decidi não parar por ali. Após algumas modificações na disposição física dos usuários montei outro esquema. A partir de bennu loguei meu usuário em phoenix. A partir de phoenix minha irmã logou seu usuário em artemis. Então tínhamos uma seqüência de conexões onde nenhum usuário estava operando de fato o computador onde ele estava posicionado. Todas as operações eram remotas, em um esquema de clientes/servidores muito interessante. Com redes de computadores cada vez maiores, em nossas empresas e em nossas casas, esse tipo de característica de operação pode ser cada vez mais importante e cada vez mais valoriazada pelo usuário e pode ser um bom argumento para apresentar o Linux para um amigo que ainda não o conhece. São essas coisas que o Linux consegue fazer logo que é instalado e configurado (e que outros sistemas mais populares não conseguem sem software de terceiros que geralmente custa muito) que permitiram a sua grande penetração no mundo corporativo que também podem facilitar sua entrada em pequenos escritórios e casas mais integradas digitalmente.
Em outra frente temos o Linux tornando-se popular em centros educacionais, escolas e centros de integração digital. Isso faz com que todo dia muitos jovens tomem contato com esse sistema e com o que ele pode fazer. Tudo isso possibilita que em um futuro não muito distante sistemas e tecnologias livres estejam ainda mais presentes em nossa realidade cotidiana. E todos terão uma história com terminais remotos para contar.
Tome por exemplo o X server, responsável para maioria das interfaces gráficas dos *nix em todo mundo. É um sistema cliente/servidor muito criticado, que envolve a implementação e operação de um conjunto de padões e protocolos muito grande e complexo. Possui virtudes adimiradas por muitos e defeitos rechaçados igualmente. Sua separação do sistema operacional é magnífica. É a independência do sistema que permite sua portabilidade, aplicabilidade e funcionalidades ímpares. Pode-se abrir diversos servidores gráficos em uma mesma máquina, pode-se operá-los de maneira flexível e ainda assim poderosa o bastante para ser um dos padrões de servidores gráficos mais antigos em uso comercial hoje.
Ao mesmo tempo o servidor X integra-se com o resto do sistema de uma maneira admirável. Usa seus protocolos de comunicação para conversar com outros clientes e servidores na rede e, graças aos ambientes mais modernos (como o KDE e o Gnome) pode-se operar um Linux na plenitude a partir da interface gráfica, praticamente dispensando-se um terminal (desde que você não seja administrador de sistemas ;-).
Por esporte decidi aproveitar a visita de uma amiga aqui em casa para brincar um pouco com uma das propriedades do X que eu mais gosto (e talvez a que eu mais quisesse que estivesse disponível em outros sistemas operacionais*) que é a possibilidade de fazer forward de terminais via rede usando XDM.
*Eu sei que existem versões/implementações do X para diversos sistemas e plataformas, mas não é a mesma coisa, certo?
Tenho 3 máquinas em casa, uma está sob a tutela da minha irmã, outra encontra-se em meus suntuosos aposentos e meu mais novo rebento, um notebook. Artemis, Phoenix e Bennu, respectivamente.
Artemis é um Pentium III 850MHz com 380MB de ram, HD de 20GB e vídeo nVidia TNT2 16MB. Serve apenas como desktop para que minha irmã navegue na internet, faça trabalhos de faculdade, acesse conteúdo multimídia, enfim, uma vida doméstica normal. Roda Mandriva 2006.
Phoenix é um Pentium III 850MHz com 640MB de ram, 2 HDs de 80GB e vídeo ATI Radeon 9200SE 128MB (não sei o que é pior, essa placa ou seus drivers). Serve como storage de mídia, incluindo DVDs e como minha máquina de produção principal. Roda Mandriva 2006.
Bennu é um Sempron 2800+ 754 pinos 1.6GHz com 768MB de ram, HD de 40GB e vídeo ATI Radeon eXpress 200M 128MB compartilhada (o driver é pior que a placa, mas ela também não é lá essas coisas). Serve como máquina de produção portátil. Roda Windows XP, com Cygwin e em breve alguma distro de Linux também.
Eu já havia configurado os servidores X dos desktops para que permitissem login remoto. Assim da phoenix eu poderia acessar o KDE da artemis e vice-versa. Com as configurações adequadas do Samba não havia diferença estar operando uma máquina ou a outra, você poderia acessar a qualquer momento os arquivos de ambas e usar qualquer programa que estivesse em qualquer PC. Isso é realmente impressionante, não fazer diferença a máquina física na qual você está logado.
Aproveitando a visita de uma amiga nesse fim de semana, e como tinhamos 3 computadores e 3 simpatizantes de Linux decidi brincar com as capacidades de comunicação em rede do servidor X. Operando a bennu com Cygwin eu iniciei uma sessão em meu Mandriva alojado na phoenix. Minha amiga, operando a própria phoenix navegava usando um logon de convidado, de maneira local.
Ficamos ambos operando a mesma máquina ao mesmo tempo, ela localmente e eu remotamente. Navegamos na internet, usamos messenger e eu editava um texto com o OpenOffice.org (um tutorial sobre del.icio.us que será publicado no meiobit.com em breve). A máquina tinha 100% da CPU usada pelo seti@home e grande uso de memória graças ao aMule, portanto com 3 usuários logados (eu estava logado duas vezes ;-) e não havia a menor percepção de lentidão (em um hardware de quase 5 anos de idade). Eu poderia aqui dizer que isso é impossível de fazer em Windows, ou se não é impossível é muito difícil e que isso te custaria dinheiro bastante para comprar um PC extra para que outra pessoa usasse. E é isso mesmo que eu vou dizer, pronto, considere dito! ;-)
Na verdade não há mesmo sentido na idéia do Windows ser multi-usuário (já que ele não é multi-tarefa mesmo hehehe não resisti a essa) já que para fazer isso funcionar você pode mesmo comprar hardware novo, acabando portanto com a necessidade de usar a mesma máquina para multiplos usos em paralelo com multiplos usuários. Mas a coisa ainda fica mais interessante.
Enquanto isso acontecia, em seu quarto minha irmã usava localmente a máquina artemis. Então sugeri que fizessemos uma brincadeira. Eu manteria meu terminal aberto em bennu logado à phoenix e minha irmã viria até a bennu e logaria também na artemis. Feito isso tínhamos 3 usuários em phoenix (2 remotos e 1 local), 1 usuário remoto em artemis e bennu usando Windows localmente e com sessões gráficas remotas em phoenix e artemis. Muito legal ver tudo isso funcionando, mais legal ainda é funcionar por 3 horas sem problema algum, e mais legal que isso apenas os leds do hub que piscavam feito loucos!
Brincadeira muito divertida, mas decidi não parar por ali. Após algumas modificações na disposição física dos usuários montei outro esquema. A partir de bennu loguei meu usuário em phoenix. A partir de phoenix minha irmã logou seu usuário em artemis. Então tínhamos uma seqüência de conexões onde nenhum usuário estava operando de fato o computador onde ele estava posicionado. Todas as operações eram remotas, em um esquema de clientes/servidores muito interessante. Com redes de computadores cada vez maiores, em nossas empresas e em nossas casas, esse tipo de característica de operação pode ser cada vez mais importante e cada vez mais valoriazada pelo usuário e pode ser um bom argumento para apresentar o Linux para um amigo que ainda não o conhece. São essas coisas que o Linux consegue fazer logo que é instalado e configurado (e que outros sistemas mais populares não conseguem sem software de terceiros que geralmente custa muito) que permitiram a sua grande penetração no mundo corporativo que também podem facilitar sua entrada em pequenos escritórios e casas mais integradas digitalmente.
Em outra frente temos o Linux tornando-se popular em centros educacionais, escolas e centros de integração digital. Isso faz com que todo dia muitos jovens tomem contato com esse sistema e com o que ele pode fazer. Tudo isso possibilita que em um futuro não muito distante sistemas e tecnologias livres estejam ainda mais presentes em nossa realidade cotidiana. E todos terão uma história com terminais remotos para contar.
sábado, janeiro 21, 2006
Linux x ATI
Usar Linux é bom, mas tem seus espinhos. Comprei um notebook para poder trabalhar mais produtivamente. Procurei a melhor relação custo/benefício e optei por um modelo para escritórios da HP/Compac, o NX6115. Eu sei, eu sei, não é nenhuma Brastemp... mas dá pro gasto e coube no bolso, pra que melhor? Ele veio com um Sempron 2800+, 768MB de Ram dos quais 128MB ficam para a placa de vídeo e 640MB são pra mim. O HD é pequenino, 40GB, mas tem wireless e gravador de DVD.
Peguei o bichinho e fui contente brincar com o moleque, o legal é que ele veio com o FreeDOS instalado, então eu tinha que fazer tudo. Vou instalar meu Mandriva pra ver como fica, e não é que rolou uma decepção? Lento que doía, parecia um 586 133MHz com 16MB de ram que tá pegando poeira aqui em casa. Fuçei, mexi, reinstalei... e nada. Então me assopraram uma idéia, entra na BIOS e desliga os recursos de economia de energia. Feito isso o desempenho melhorou um pouco, mas ainda ficou estranho. Não está redondo, sabe? Tá meio engasgado, tá faltando alguma coisa. Fui tirar a prova dos nove, instalei o XP pra ver como ficava... muito rápido. Não me conformei com a situação, tem de haver um jeito.
Formatei tudo de novo e voltei a instalar o Mandriva 2006, mesma coisa. Mexe daqui, mexe dali, será que é o video? Ele usa chipset da ATI, Radeon RS482, a placa de vídeo é uma X 200M. Voltei à velha saga dos drivers da ATI. Eu tinha em meu desktop uma nvidia de 16MB (uma TNT2 pra ser preciso) que funcionava bem e que eu nem tinha me esquenatdo em fazer funcionar em 3D no Linux porque não adiantava. Quando decidi pegar uma placa de vídeo nova fiz a besteira de pegar uma Radeon 9200SE com 128MB de RAM. Funciona mau, no Windows e no Linux é ainda pior. Tentei instalar drivers 3D nela umas 4 ou 5 vezes, e apenas uma deu certo (a primeira) uma semana antes do meu HD queimar.
HD trocado, sistema reinstalado e nunca mais consegui (apesar de todos os esforços) fazer os drivers maldidos da ATI funcionarem com ela. E me vem essa X 200M no notebook. Passei a tarde toda tentando fazer funcionar a meleca do driver da ATI no Mandriva, pra ver se era isso que ainda estava amarrando o desempenho da máquina com o Linux. Nada. A ATI ainda colocou no site um instalador automático que deveria livrar o pobre usuário de Linux do martírio de descobrir como instala aquele negócio ridículo que eles chamam de driver. Bem legal, porque não funciona. Baixei várias vezes, várias versões diferentes em 3 máquinas distintas, sempre o mesmo erro: não é permitido inserir o módulo fglrx.ko no dirétório especificado, acesso negado. Mas eu era o root!!! Eu era o root!!! como que eu não poderia ter permissão para inserir um módulo para compilação na pasta de módulos do kernel!!!???
Abandonei o instalador automático, que em minha singela opinião não está funcionando e fui para o lance braçal, pegar o .rpm com os modulos, instalar e compilar tudo na unha. Doce ilusão... tudo foi direitinho, até o fim. Rodei a porcaria do script para detecção das configurações, passei as corretas para o xorg.conf e mantive as originais relativas à tela LCD, ao teclado da HP, ao touchpad. Reinicio o servidor X e... tudo bem, tudo bom, carrega certinho, tá bonito... DRI não ativado... tudo na mesma. Trocando em miúdos, o driver instalou, compilou, configurou... só não funcionou, e porque é uma boa pergunta.
Se você souber porque notebooks podem ficar meio lentos quando rodando Linux, ou se você souber a fórmula de uma poção mágica para instalar drivers da ATI, por favor me comunique. Não sei se vai adiantar, porque acho que tem um trabalho aqui contra coisas da ATI, pq a Radeon 9200 SE do meu desktop também não funcionou. Quem sabe amanhã eu tento pela sétima vez. É bom, assim eu aprendo e da próxima vez compro uma placa da nVidia.
Peguei o bichinho e fui contente brincar com o moleque, o legal é que ele veio com o FreeDOS instalado, então eu tinha que fazer tudo. Vou instalar meu Mandriva pra ver como fica, e não é que rolou uma decepção? Lento que doía, parecia um 586 133MHz com 16MB de ram que tá pegando poeira aqui em casa. Fuçei, mexi, reinstalei... e nada. Então me assopraram uma idéia, entra na BIOS e desliga os recursos de economia de energia. Feito isso o desempenho melhorou um pouco, mas ainda ficou estranho. Não está redondo, sabe? Tá meio engasgado, tá faltando alguma coisa. Fui tirar a prova dos nove, instalei o XP pra ver como ficava... muito rápido. Não me conformei com a situação, tem de haver um jeito.
Formatei tudo de novo e voltei a instalar o Mandriva 2006, mesma coisa. Mexe daqui, mexe dali, será que é o video? Ele usa chipset da ATI, Radeon RS482, a placa de vídeo é uma X 200M. Voltei à velha saga dos drivers da ATI. Eu tinha em meu desktop uma nvidia de 16MB (uma TNT2 pra ser preciso) que funcionava bem e que eu nem tinha me esquenatdo em fazer funcionar em 3D no Linux porque não adiantava. Quando decidi pegar uma placa de vídeo nova fiz a besteira de pegar uma Radeon 9200SE com 128MB de RAM. Funciona mau, no Windows e no Linux é ainda pior. Tentei instalar drivers 3D nela umas 4 ou 5 vezes, e apenas uma deu certo (a primeira) uma semana antes do meu HD queimar.
HD trocado, sistema reinstalado e nunca mais consegui (apesar de todos os esforços) fazer os drivers maldidos da ATI funcionarem com ela. E me vem essa X 200M no notebook. Passei a tarde toda tentando fazer funcionar a meleca do driver da ATI no Mandriva, pra ver se era isso que ainda estava amarrando o desempenho da máquina com o Linux. Nada. A ATI ainda colocou no site um instalador automático que deveria livrar o pobre usuário de Linux do martírio de descobrir como instala aquele negócio ridículo que eles chamam de driver. Bem legal, porque não funciona. Baixei várias vezes, várias versões diferentes em 3 máquinas distintas, sempre o mesmo erro: não é permitido inserir o módulo fglrx.ko no dirétório especificado, acesso negado. Mas eu era o root!!! Eu era o root!!! como que eu não poderia ter permissão para inserir um módulo para compilação na pasta de módulos do kernel!!!???
Abandonei o instalador automático, que em minha singela opinião não está funcionando e fui para o lance braçal, pegar o .rpm com os modulos, instalar e compilar tudo na unha. Doce ilusão... tudo foi direitinho, até o fim. Rodei a porcaria do script para detecção das configurações, passei as corretas para o xorg.conf e mantive as originais relativas à tela LCD, ao teclado da HP, ao touchpad. Reinicio o servidor X e... tudo bem, tudo bom, carrega certinho, tá bonito... DRI não ativado... tudo na mesma. Trocando em miúdos, o driver instalou, compilou, configurou... só não funcionou, e porque é uma boa pergunta.
Se você souber porque notebooks podem ficar meio lentos quando rodando Linux, ou se você souber a fórmula de uma poção mágica para instalar drivers da ATI, por favor me comunique. Não sei se vai adiantar, porque acho que tem um trabalho aqui contra coisas da ATI, pq a Radeon 9200 SE do meu desktop também não funcionou. Quem sabe amanhã eu tento pela sétima vez. É bom, assim eu aprendo e da próxima vez compro uma placa da nVidia.
sábado, janeiro 14, 2006
Falcon_Dark colaborando para o Meiobit.com
Após algumas conversas com os administradores do site Meiobit.com eu aceitei o convite para tornar-me um colaborador fixo. Recebi permissão e acesso ao sistema do site para publicar livremente. Minhas entradas serão feitas na maior freqüencia possível, sempre que houver algo interessante a dizer para o pessoal que gosta de tecnologia. Ainda que eu tenha sido convidado a escrever principalmente colunas sobre hardware e Linux tenho liberdade para falar sobre qualquer assunto relacionado à tecnologia (não, futebol, política e religião não estão na lista de tópicos que irei comentar, a princípio ;-).
Deixo então o convite a todos os meus leitores que visitem o Meiobit.com e leiam as notícias e novidades, inclusive as de minha autoria. Esse trabalho será feito em paralelo com meus blogs e não tenho a intenção de deixá-los de lado, mas o formato de ambas mídias é diferente. No Meiobit.com irei focar-me em textos curtos, resumidos e mais informativos, enquanto em meus blogs irei manter a linha de escritos mais profundos e completos. Essa abordagem permitirá manter conteúdos exclusivos para todas as colunas e manter meus leitores bem informados e participativos.
Obrigado por acessarem meus blogs e por prestigiarem meu trabalho.
Deixo então o convite a todos os meus leitores que visitem o Meiobit.com e leiam as notícias e novidades, inclusive as de minha autoria. Esse trabalho será feito em paralelo com meus blogs e não tenho a intenção de deixá-los de lado, mas o formato de ambas mídias é diferente. No Meiobit.com irei focar-me em textos curtos, resumidos e mais informativos, enquanto em meus blogs irei manter a linha de escritos mais profundos e completos. Essa abordagem permitirá manter conteúdos exclusivos para todas as colunas e manter meus leitores bem informados e participativos.
Obrigado por acessarem meus blogs e por prestigiarem meu trabalho.
quarta-feira, janeiro 11, 2006
Confusão sobre o Linux
Como anunciei algum tempo atrás eu estou escrevendo artigos para o Meiobit.com. Cada vez que eu posto lá eu anuncio aqui e os leitores vão de cá pra lá, alguns de lá pra cá e postam comentários em ambos os sites. Me esforço para ler e responder e agradeço a todos pelo retorno. No anuncio do segundo artigo o leitor Adam Brandizzi postou um comentário onde sugere que há uma confusão criada na comunidade sobre como um novato deve ser apresentado ao Linux. Para entender toda a história é interessante seguir todo o roteiro:
- Meu artigo no Meiobit.com;
- Meu anúncio aqui sobre o artigo;
- O comentário do Adam;
O que pensei com todo esse papo e decidi colocar em um novo artigo para ter maior visibilidade é que não é fundalmentalmente um erro conceitual apresentar aos novatos o universo Linux como normalmente fazemos enquanto comunidade. Com suas complexidades e detalhismo. É excesso de boa vontade de nossa parte.
Como defensor do Software Livre e da propagação do livre conhecimento para todos devo dizer que não é minha função determinar o que os usuários (mesmo os novatos) podem ou não saber. Isso é função da Microsoft, fundamentalmente.
O erro de conceito, e devo concordar com o Adam que existe um, talvez seja o de que a palavra Linux não designa um sistema operacional. Nem o termo GNU/Linux designa um sistema operacional em si, para evitar o velho clichê da FSF. Linux ou GNU/Linux, como queira, determina uma classe de sistemas operacionais e é aqui, logo no começo, que o usuário novato ou recém vindo do Windows começa a ter problemas.
No mundo Windows existe apenas um sistema operacional, que é o último, o mais recente. Ninguém precisa lembrar-se ou saber o que é o Windows 3.11, ou o Windows 95, ou mesmo o Windows 98 e o ME que ainda são usados em larga escala por aí mas tendem a desaparecer à medida que processadores de 64-bit e núcleos duplos se difundirem. Windows é o XP, e em breve será o Vista. O que um usa todos usam. E é esse sistema que todos usam que é o Windows, ponto final.
Nas provas de certificação Linux apenas agora o barramento ISA foi retirado da berlinda, mas há quanto tempo não se fabricam máquinas com esse barramento? Um administrador de sistemas Linux precisa conhecer como a palma da mão ao menos duas versões de kernel, a 2.4 e a 2.6. Ir do Slackware para o Mandriva representa toda uma mudança de oranização interna do sistema e funcionalidades. E dentro da mesma distro podem haver mudanças significativas, como a escolha entre dois servidores gráficos distintos, o XFree e o Xorg. Para quem está acostumado com isso, sem problemas, mas para os novatos essas diferenças podem representar barreiras difíceis de transpor.
Explicar isso para um usuário de Windows é uma tarefa complicada, pois o Windows é um sistema operacional, UNIX e Linux representam tipos de sistema. Adam sugere que deveríamos apresentar aos novatos um único sistema Linux em vez de apresentar várias distros e propor a experimentação de cada uma como forma de achar o sistema ideal para cada um. Pode até ser que isso ajude mais pessoas a migrarem para Linux, que isso ajude o Linux a penetrar mais fortemente no desktop. Me e daí?
A graça e a potencialidade do Linux está na flexibilidade de sua configuração. Tire isso e você tem um sistema operacional comum. Novatos não entendem porque um Linux precisa ter 6 terminais virtuais de texto, mas eu sei que isso é importante. Novatos também não sabem a importância de ter uma senha de root e usar um usuário com poucos privilégios, mesmo sendo isso fundamental para a segurança da máquina. Meu ponto é: tire do Linux tudo que os usuários de Windows não entendam ou não usam e você terá um sistema igual ou pior que o Windows.
Explicar para os novatos que o Windows é um só mas que Linux são vários passa a não ser apenas uma questão de facilitar ou dificultar as coisas mas uma questão de começar do jeito certo ou do jeito errado. Para o usuário de computador falta conhecimento técnico e histórico, falta entender o que é um computador e pra que ele serve. Há anos uso o argumento de que computadores, por sua capacidade e complexidade, exigem do seu usuário um nível mínimo de conhecimento. Na maioria das vezes os problemas ocorrem porque o usuário quer operar o computador sem dispor desse nível técnico mínimo. As coisas saem errado e não se sabe porque. As pessoas querem usar os computadores mas não querem aprender a fazê-lo de fato, e isso torna a experiência frustrante na maioria das vezes.
A grande falha conceitual é na verdade do usuário, que ao primeiro fracasso desiste e opta pelo caminho mais fácil. Usuários de Windows que tentam usar Linux encontram termos que não são estranhos para usuários de computador, são a terminologia básica usual, que a Microsoft optou por não usar no Windows. Mas ao não conseguirem compreender as coisas no universo Linux ignoram a oportunidade de esforçarem-se um pouco, estudar um pouco, conhecer algo novo e decidem continuar usando Windows, porque foi fácil aprendê-lo, eles já sabem usá-lo. Mas afinal quantos usuários leigos de Windows, esses que não conseguem enveredar seu caminho pelo Linux, conseguem dar manutenção em seu próprio equipamento?
Parece-me claro, à essa altura da minha vida, que quando um usuário consegue dar manutenção adequada em seu próprio computador ele consegue migrar de Windows para Linux sem grandes problemas. Então toda essa discussão nos fornece (no mínimo) duas possibilidades:
1- Adaptar o universo Linux para que ele se pareça mais com o do Windows e assim facilite-se a chegada de novos usuários leigos à plataforma;
2- Concientizar todos aqueles que decidirem usar Linux de que um empenho e um estudo são necessários para que você possa aprender a manejar uma ferramenta que é totalmente estranha para você (!);
Dado o número suficiente de olhos todo problema torna-se óbvio, eu estou apenas olhando para a ponta do iceberg aqui. Sei que a alternativa 1 levaria centenas de usuários a instalar o Linux e tentar usá-lo e ela pode mesmo surtir efeitos positivos sobre a comunidade, sobre a indústria e sobre o próprio GNU/Linux. E ela também parece ser a mais fácil, o que me desperta para um problema. Diz-se que existem dois jeitos de fazer as coisas, o certo e o fácil. Devemos fazer as coisas pensando no efeito que elas causarão a longo prazo. Um Linux fácil, sem as complicações e complexidades que conhecemos será um novo tipo de Linux que irá, com o tempo, ficar cada vez mais distante do Linux em si, da mesma forma que um Mandriva é distante de um Slackware. A longo prazo esse "novo Linux" fácil e para leigos será outro sistema e teremos falhado na tentativa de fazer as pessoas usarem um sistema pelo que ele é e não pelo que ele diz ser.
Não se trata de uma guerra, nem tão pouco a Microsoft é um inimigo. Há um sapato adequado para cada pé, inclusive na informática. A Microsoft foi bem sucedida em criar um sistema operacional para leigos, pessoas que não querem entender o que IRQ significa. O preço a pagar é pouco compromisso com estabilidade e segurança, mas a vida é assim, tudo tem um lado bom e um lado ruim. Àqueles que, como eu, isso não bastou ou não era bom o suficiente houve alternativas e o Linux foi uma delas.
Não devemos, nem podemos, adaptar o Linux ou a experiência de usar Linux para os novatos, essa é a solução fácil do problema. Devemos sim, enquanto membros da sociedade, concientizar a todos da importância de saber usar e entender computadores, só pelo seu valor enquanto ferramenta para a humanidade. Os dispostos a aprender, entender e arriscar continuarão encontrando no Linux um sistema coplexo, sim, mas também muito flexível e poderoso. Os que não desejarem absorver esses novos conceitos, edificar esse novo estudo, podem permanecer onde estão, pois ali é seu lugar.
A matemática não ficaria melhor se ocultássemos suas grandes complexidades em prol de uma maior adoção da mesma, ela seria mais divulgada, mas ficaria manca. Quando crianças tem dificuldades com os números exigimos que elas estudem mais, usamos aulas extras, novos métodos, mas nunca abrimos mão que elas passem nos testes e entendam o mínimo dessa ciência. A Informática é também uma ciência e não deveria receber tratamento distinto.
Dispensar as pessoas da necessidade de entender e estudar os conceitos fundamentais da informática é prejudicial para o seu futuro. É negar todos os avanços e benefícios que o Software Livre já conseguiu por nós. Criar um sistema onde as pessoas não precisam aprender nada novo para poder chegar a objetivos novos é triste, é subestimar a capacidade humana e é desistir da intenção de uma sociedade igualitária e justa. Peço que meus companheiros de comunidade de Software Livre não desistam de ensinar a todos o que é preciso para poder usar o Linux, pois só quando o usuário sabe o necessário para usar o Linux é que ele sabe o necessário para usar um computador. Enquanto ele souber menos que isso, ele apenas saberá usar Windows.
- Meu artigo no Meiobit.com;
- Meu anúncio aqui sobre o artigo;
- O comentário do Adam;
O que pensei com todo esse papo e decidi colocar em um novo artigo para ter maior visibilidade é que não é fundalmentalmente um erro conceitual apresentar aos novatos o universo Linux como normalmente fazemos enquanto comunidade. Com suas complexidades e detalhismo. É excesso de boa vontade de nossa parte.
Como defensor do Software Livre e da propagação do livre conhecimento para todos devo dizer que não é minha função determinar o que os usuários (mesmo os novatos) podem ou não saber. Isso é função da Microsoft, fundamentalmente.
O erro de conceito, e devo concordar com o Adam que existe um, talvez seja o de que a palavra Linux não designa um sistema operacional. Nem o termo GNU/Linux designa um sistema operacional em si, para evitar o velho clichê da FSF. Linux ou GNU/Linux, como queira, determina uma classe de sistemas operacionais e é aqui, logo no começo, que o usuário novato ou recém vindo do Windows começa a ter problemas.
No mundo Windows existe apenas um sistema operacional, que é o último, o mais recente. Ninguém precisa lembrar-se ou saber o que é o Windows 3.11, ou o Windows 95, ou mesmo o Windows 98 e o ME que ainda são usados em larga escala por aí mas tendem a desaparecer à medida que processadores de 64-bit e núcleos duplos se difundirem. Windows é o XP, e em breve será o Vista. O que um usa todos usam. E é esse sistema que todos usam que é o Windows, ponto final.
Nas provas de certificação Linux apenas agora o barramento ISA foi retirado da berlinda, mas há quanto tempo não se fabricam máquinas com esse barramento? Um administrador de sistemas Linux precisa conhecer como a palma da mão ao menos duas versões de kernel, a 2.4 e a 2.6. Ir do Slackware para o Mandriva representa toda uma mudança de oranização interna do sistema e funcionalidades. E dentro da mesma distro podem haver mudanças significativas, como a escolha entre dois servidores gráficos distintos, o XFree e o Xorg. Para quem está acostumado com isso, sem problemas, mas para os novatos essas diferenças podem representar barreiras difíceis de transpor.
Explicar isso para um usuário de Windows é uma tarefa complicada, pois o Windows é um sistema operacional, UNIX e Linux representam tipos de sistema. Adam sugere que deveríamos apresentar aos novatos um único sistema Linux em vez de apresentar várias distros e propor a experimentação de cada uma como forma de achar o sistema ideal para cada um. Pode até ser que isso ajude mais pessoas a migrarem para Linux, que isso ajude o Linux a penetrar mais fortemente no desktop. Me e daí?
A graça e a potencialidade do Linux está na flexibilidade de sua configuração. Tire isso e você tem um sistema operacional comum. Novatos não entendem porque um Linux precisa ter 6 terminais virtuais de texto, mas eu sei que isso é importante. Novatos também não sabem a importância de ter uma senha de root e usar um usuário com poucos privilégios, mesmo sendo isso fundamental para a segurança da máquina. Meu ponto é: tire do Linux tudo que os usuários de Windows não entendam ou não usam e você terá um sistema igual ou pior que o Windows.
Explicar para os novatos que o Windows é um só mas que Linux são vários passa a não ser apenas uma questão de facilitar ou dificultar as coisas mas uma questão de começar do jeito certo ou do jeito errado. Para o usuário de computador falta conhecimento técnico e histórico, falta entender o que é um computador e pra que ele serve. Há anos uso o argumento de que computadores, por sua capacidade e complexidade, exigem do seu usuário um nível mínimo de conhecimento. Na maioria das vezes os problemas ocorrem porque o usuário quer operar o computador sem dispor desse nível técnico mínimo. As coisas saem errado e não se sabe porque. As pessoas querem usar os computadores mas não querem aprender a fazê-lo de fato, e isso torna a experiência frustrante na maioria das vezes.
A grande falha conceitual é na verdade do usuário, que ao primeiro fracasso desiste e opta pelo caminho mais fácil. Usuários de Windows que tentam usar Linux encontram termos que não são estranhos para usuários de computador, são a terminologia básica usual, que a Microsoft optou por não usar no Windows. Mas ao não conseguirem compreender as coisas no universo Linux ignoram a oportunidade de esforçarem-se um pouco, estudar um pouco, conhecer algo novo e decidem continuar usando Windows, porque foi fácil aprendê-lo, eles já sabem usá-lo. Mas afinal quantos usuários leigos de Windows, esses que não conseguem enveredar seu caminho pelo Linux, conseguem dar manutenção em seu próprio equipamento?
Parece-me claro, à essa altura da minha vida, que quando um usuário consegue dar manutenção adequada em seu próprio computador ele consegue migrar de Windows para Linux sem grandes problemas. Então toda essa discussão nos fornece (no mínimo) duas possibilidades:
1- Adaptar o universo Linux para que ele se pareça mais com o do Windows e assim facilite-se a chegada de novos usuários leigos à plataforma;
2- Concientizar todos aqueles que decidirem usar Linux de que um empenho e um estudo são necessários para que você possa aprender a manejar uma ferramenta que é totalmente estranha para você (!);
Dado o número suficiente de olhos todo problema torna-se óbvio, eu estou apenas olhando para a ponta do iceberg aqui. Sei que a alternativa 1 levaria centenas de usuários a instalar o Linux e tentar usá-lo e ela pode mesmo surtir efeitos positivos sobre a comunidade, sobre a indústria e sobre o próprio GNU/Linux. E ela também parece ser a mais fácil, o que me desperta para um problema. Diz-se que existem dois jeitos de fazer as coisas, o certo e o fácil. Devemos fazer as coisas pensando no efeito que elas causarão a longo prazo. Um Linux fácil, sem as complicações e complexidades que conhecemos será um novo tipo de Linux que irá, com o tempo, ficar cada vez mais distante do Linux em si, da mesma forma que um Mandriva é distante de um Slackware. A longo prazo esse "novo Linux" fácil e para leigos será outro sistema e teremos falhado na tentativa de fazer as pessoas usarem um sistema pelo que ele é e não pelo que ele diz ser.
Não se trata de uma guerra, nem tão pouco a Microsoft é um inimigo. Há um sapato adequado para cada pé, inclusive na informática. A Microsoft foi bem sucedida em criar um sistema operacional para leigos, pessoas que não querem entender o que IRQ significa. O preço a pagar é pouco compromisso com estabilidade e segurança, mas a vida é assim, tudo tem um lado bom e um lado ruim. Àqueles que, como eu, isso não bastou ou não era bom o suficiente houve alternativas e o Linux foi uma delas.
Não devemos, nem podemos, adaptar o Linux ou a experiência de usar Linux para os novatos, essa é a solução fácil do problema. Devemos sim, enquanto membros da sociedade, concientizar a todos da importância de saber usar e entender computadores, só pelo seu valor enquanto ferramenta para a humanidade. Os dispostos a aprender, entender e arriscar continuarão encontrando no Linux um sistema coplexo, sim, mas também muito flexível e poderoso. Os que não desejarem absorver esses novos conceitos, edificar esse novo estudo, podem permanecer onde estão, pois ali é seu lugar.
A matemática não ficaria melhor se ocultássemos suas grandes complexidades em prol de uma maior adoção da mesma, ela seria mais divulgada, mas ficaria manca. Quando crianças tem dificuldades com os números exigimos que elas estudem mais, usamos aulas extras, novos métodos, mas nunca abrimos mão que elas passem nos testes e entendam o mínimo dessa ciência. A Informática é também uma ciência e não deveria receber tratamento distinto.
Dispensar as pessoas da necessidade de entender e estudar os conceitos fundamentais da informática é prejudicial para o seu futuro. É negar todos os avanços e benefícios que o Software Livre já conseguiu por nós. Criar um sistema onde as pessoas não precisam aprender nada novo para poder chegar a objetivos novos é triste, é subestimar a capacidade humana e é desistir da intenção de uma sociedade igualitária e justa. Peço que meus companheiros de comunidade de Software Livre não desistam de ensinar a todos o que é preciso para poder usar o Linux, pois só quando o usuário sabe o necessário para usar o Linux é que ele sabe o necessário para usar um computador. Enquanto ele souber menos que isso, ele apenas saberá usar Windows.
Novo blog sobre hardware
Saudações a todos. Depois da ressaca de ano novo, da comemoração por minha formatura e pelo campeonato do meu time de futebol decidi por as mãos para trabalhar de novo.
Começo noticiando a criação de um novo blog da franquia Falcon_Dark (hahahaha que engraçado) para falar especificamente sobre hardware. O Hardware por Falcon_Dark (eu sei, o título é horrível, mas pegou) vai trazer novidades e comentários, além de curiosidades sobre o tema. Assim posso manter este espaço aqui para falar exclusivamente de software livre.
Espero que nesse novo ano vocês continuem aparecendo por aqui para ler sobre Linux e outras coisas e por lá para ler sobre aquelas coisas ;-)
Abraço a todos.
Começo noticiando a criação de um novo blog da franquia Falcon_Dark (hahahaha que engraçado) para falar especificamente sobre hardware. O Hardware por Falcon_Dark (eu sei, o título é horrível, mas pegou) vai trazer novidades e comentários, além de curiosidades sobre o tema. Assim posso manter este espaço aqui para falar exclusivamente de software livre.
Espero que nesse novo ano vocês continuem aparecendo por aqui para ler sobre Linux e outras coisas e por lá para ler sobre aquelas coisas ;-)
Abraço a todos.